Documentos obtidos pela Polícia Federal (PF) revelam que Jair Bolsonaro, nos últimos dias de seu governo, recusou um pedido para substituir o então ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, por outro oficial mais alinhado à ideia de impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva. A proposta partiu de Mario Fernandes, ex-secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência, preso nesta semana (19/11) na Operação Contragolpe. A informação foi divulgada pelo site Metrópoles.
O diálogo ocorreu no início de dezembro de 2022, quando Fernandes expressou insatisfação com a resistência do general Nogueira em apoiar um suposto plano de ruptura institucional. Fernandes sugeriu que o general Walter Braga Netto, ex-ministro e aliado de Bolsonaro, reassumisse o cargo no Ministério da Defesa para fortalecer a articulação. Bolsonaro, porém, recusou, justificando: “Ah, não, porra, aí vão alegar que eu tô mudando isso pra dar um golpe.”
As mensagens foram descobertas durante a Operação Tempus Veritatis, que investiga aliados de Bolsonaro supostamente envolvidos em tentativas de golpe de Estado. Nos diálogos recuperados, Fernandes também menciona a alternativa de mobilizar apoio popular e reforçar a narrativa de fraude nas urnas eletrônicas como estratégia, mas sem resultados práticos.
A recusa de Bolsonaro em ceder à pressão, mesmo diante da insistência de membros de seu círculo próximo, reforça o contexto de tensões internas durante a transição de poder e destaca o papel do mandatário e de Nogueira em manter a posição institucional das Forças Armadas contra quaisquer movimentações golpistas.