Bolsonaro responde a acusações da PGR e comenta tarifa de Trump

O ex-presidente Jair Bolsonaro voltou a se defender publicamente nesta quinta-feira (17) das acusações relacionadas à tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Em conversa com jornalistas no Senado, ele reafirmou sua inocência e classificou como “absurda” a ação penal que tramita contra ele no Supremo Tribunal Federal (STF).


“É um absurdo, não tem cabimento. Não tem nada que me vincule a esses dados. Sempre joguei dentro das quatro linhas. […] Uma injustiça”, declarou Bolsonaro, que é réu na Corte e pode pegar mais de 40 anos de prisão caso seja condenado pelos cinco crimes que lhe são atribuídos.

A declaração ocorre dias após a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentar as alegações finais da ação penal, em que o procurador-geral Paulo Gonet pede a condenação de Bolsonaro e de outras sete pessoas pelo crime de tentativa de golpe de Estado.

Segundo o ex-presidente, o relatório da Polícia Federal “não o coloca” como responsável pela trama, e o procurador-geral estaria “indo além dos autos”. “Lamento a peça do seu Paulo Gonet, uma pessoa que sempre tive no mais alto conceito. Que golpe é esse que o Mossad [serviço secreto de Israel] não está sabendo? Não tenho nada a ver com o 8 de Janeiro, não houve tentativa de golpe. Sou inocente”, afirmou.

Sobre a colaboração premiada de Mauro Cid, tenente-coronel e ex-ajudante de ordens, Bolsonaro foi enfático: “Ele mudou a delação sete vezes. Tudo está em sigilo”.


Trump, Pix e política externa

Durante a entrevista, Bolsonaro também comentou a recente decisão do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. Minimizou o impacto da medida, dizendo que ela “não ataca a soberania nacional” e defendeu a atuação do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que estaria mantendo negociações diretas com aliados do republicano.

“Eduardo tem portas abertas na Casa Branca. Está fazendo mais do que a embaixadora, que está de férias. Trump quer democracia no Brasil e não injustiça. Ele já jogou pesado com a China. Por que não jogaria com o Brasil? O que ele não quer é o Brasil perto da Venezuela”, afirmou.

O ex-presidente também voltou a criticar a política externa do governo Lula, alertando para um suposto isolamento diplomático do Brasil: “O Brasil está ficando isolado. Eles são irresponsáveis. Estamos indo pro yuan [moeda chinesa] e esquecendo o dólar. Não tem competência”.

Questionado sobre as críticas de Trump ao sistema de pagamentos instantâneos brasileiro, Bolsonaro defendeu o Pix: “Ele vai fazer uma investigação. Mas temos nada pra condenar sobre o Pix. Ninguém vive mais sem o Pix. Ele ajuda a diminuir o número de mortes”.

Alvo de críticas e provocações

Ao comentar os pedidos de investigação contra seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro, feitos por Randolfe Rodrigues (PT-AP) e Lindbergh Farias (PT-RJ), Bolsonaro ironizou: “Quem são esses dois? Olha a vida do Lindbergh. Vou fazer campanha no Amapá. Randolfe que se preocupe”.

Sobre o ministro Alexandre de Moraes, relator da ação penal contra ele no STF, Bolsonaro revelou ter se encontrado com o magistrado em 2022, na casa do senador Ciro Nogueira (PP-PI), e demonstrou surpresa com a postura atual do ministro:
“Foi uma conversa ótima. Me surpreende a forma como ele me trata hoje.”

Com o início do prazo para as defesas finais dos réus, o processo avança para a fase decisiva. O Supremo Tribunal Federal ainda não definiu data para julgamento.

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