A Bombril, tradicional empresa brasileira famosa por sua palha de aço e o icônico slogan “Mil e uma utilidades”, anunciou nesta segunda-feira, 10, que entrou com um pedido de recuperação judicial. A companhia, que pertence ao grupo econômico que inclui outras empresas, justificou a decisão devido a “contingências tributárias relevantes”, originadas por tributos não pagos relacionados à aquisição de títulos de dívida estrangeiros (T-Bills) entre 1998 e 2001.
Segundo o comunicado divulgado pela Bombril, as dívidas tributárias do período em questão somam impressionantes R$ 2,3 bilhões, um montante considerável para a companhia. Naquela época, a Bombril estava sob controle do grupo italiano Cragnotti & Partners. A empresa alega que essa dívida pode resultar em sérios impactos financeiros, com risco de deterioração operacional, o que afetaria a capacidade de pagamento de fornecedores e financiadores, e poderia até levar à descontinuidade de relações comerciais e ao vencimento antecipado de dívidas.
A recuperação judicial visa proteger a Bombril das cobranças imediatas de credores, dando tempo para a reestruturação da companhia e minimizando o impacto sobre suas operações. A empresa afirmou em nota que, com o processo, poderá manter sua capacidade operacional e reestruturar seu passivo de forma mais eficiente, sem prejudicar os direitos dos credores.
O pedido de recuperação judicial não veio sem consequências no mercado financeiro. As ações da Bombril sofreram uma queda de 31% na B3, atingindo R$ 1,59 por ação, por volta das 11h15 da manhã de segunda-feira. Para o terceiro trimestre de 2024, a companhia registrou uma receita bruta de R$ 1,7 bilhões, com lucro líquido de R$ 56,4 milhões e um Ebitda de R$ 181,2 milhões, apesar das dificuldades operacionais e das despesas que somaram R$ 331 milhões.
Esta não é a primeira vez que a Bombril enfrenta dificuldades financeiras. Há dois anos, a empresa foi forçada a realizar a transmissão de direitos creditórios no valor de R$ 300 milhões.
Fundada em 1948 por Roberto Sampaio Ferreira, a Bombril é um dos nomes mais tradicionais da indústria brasileira. O negócio começou de forma improvável, quando Ferreira aceitou uma máquina de extração de lã de aço como pagamento de uma dívida. Ao perceber a dificuldade em vender o equipamento, ele passou a produzir as lãs, inicialmente voltadas para o setor automotivo. No entanto, ao descobrir a utilidade do produto na limpeza de panelas de alumínio, a Bombril se consolidou como um ícone no mercado doméstico, popularizando suas esponjas de aço e inovando com embalagens chamativas nas cores amarelo e vermelho.
Bombril entra com pedido de recuperação judicial
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