Brasil convoca representante dos EUA após nota de apoio de embaixada a Bolsonaro

O Ministério das Relações Exteriores convocou, nesta quarta-feira (9), o encarregado de negócios dos Estados Unidos no Brasil, Gabriel Escobar, para prestar esclarecimentos sobre uma nota divulgada pela embaixada norte-americana que reforça o apoio do presidente Donald Trump ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).


Na nota publicada mais cedo pela representação diplomática dos EUA, é mencionada uma suposta “perseguição política” contra Bolsonaro, considerada “vergonhosa e desrespeitosa às tradições democráticas do Brasil”. O texto afirma ainda:

“Jair Bolsonaro e sua família têm sido fortes parceiros dos Estados Unidos. A perseguição política contra ele, sua família e seus apoiadores é vergonhosa e desrespeita as tradições democráticas do Brasil. Reforçamos a declaração do presidente Trump. Estamos acompanhando de perto a situação. Não comentamos sobre as próximas ações do Departamento de Estado em relação a casos específicos.”

O apoio de Trump ao ex-presidente brasileiro foi reiterado no último dia 7, em sua rede social Truth Social, onde classificou as investigações contra Bolsonaro como uma “caça às bruxas” e afirmou:

“Estarei assistindo a caça às bruxas de Jair Bolsonaro, de sua família e de milhares de seus apoiadores, muito de perto. O único julgamento que deveria estar acontecendo é o julgamento pelos eleitores do Brasil — isso se chama eleição. Deixem Bolsonaro em paz!”

Na ocasião, Trump não citou diretamente as ações judiciais contra Bolsonaro, mas reafirmou a inocência do ex-mandatário e denunciou uma perseguição política.

Em contraposição ao posicionamento dos EUA, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ressaltou a soberania do Brasil e repudiou interferências externas. Em nota divulgada durante a cúpula do Brics, no Rio de Janeiro, Lula afirmou:


“A defesa da democracia no Brasil é um tema que compete aos brasileiros. Somos um país soberano. Não aceitamos interferência ou tutela de quem quer que seja. Possuímos instituições sólidas e independentes. Ninguém está acima da lei. Sobretudo, os que atentam contra a liberdade e o estado de direito.”

A convocação de Gabriel Escobar ocorre em meio a uma crescente tensão diplomática entre os dois países, motivada pela postura dos Estados Unidos em relação às investigações e processos que envolvem o ex-presidente Jair Bolsonaro. O Itamaraty aguarda esclarecimentos oficiais para definir os próximos passos.

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