A Câmara dos Representantes dos Estados Unidos aprovou nesta terça-feira (12) o projeto de lei que obriga o Departamento de Justiça a divulgar materiais investigativos sobre o polêmico traficante sexual Jeffrey Epstein, após o presidente da Casa, Mike Johnson (R-La.), solicitar ao Senado que “corrija” a proposta e garanta “proteções adequadas para inocentes”.
O Epstein Files Transparency Act, apresentado pelos deputados Thomas Massie (R-Ky.) e Ro Khanna (D-Calif.), foi aprovado por 427 votos a 1. O projeto determina que o Departamento de Justiça entregue todos os “registros, documentos, comunicações e materiais investigativos não classificados” — e toda informação classificada, na medida do possível — em até 30 dias após a sanção presidencial.
Além disso, a proposta exige que a procuradora-geral Pam Bondi forneça, em 15 dias, uma lista de autoridades governamentais e outras “pessoas politicamente expostas” ligadas a Epstein.
“Os republicanos estão deixando os fatos falarem por si mesmos e buscando justiça para as vítimas desses crimes hediondos”, afirmou o líder de minoria Tom Emmer (R-Minn.), acusando os democratas de usar as vítimas de Epstein “como alavanca política” contra o presidente Donald Trump e outros.
Embora Trump tenha se mostrado disposto a assinar o projeto no formato atual, Johnson alertou que a medida poderia “divulgar milhares de documentos sem as devidas proteções para os inocentes”. Segundo ele, a resolução apresenta falhas significativas na proteção da privacidade das vítimas, risco de exposição de materiais de abuso sexual infantil e a possibilidade de revelar fontes confidenciais do governo.
O projeto também inclui uma cláusula para proteger a identidade das vítimas, mas não permite que nomes ligados a Epstein sejam ocultados por motivos de “constrangimento, danos à reputação ou sensibilidade política”.
Entre os apoiadores da iniciativa estão quatro republicanos — Massie, Nancy Mace (R-SC), Lauren Boebert (R-Colo.) e Marjorie Taylor Greene (R-Ga.) — que se uniram aos 214 democratas da Câmara para alcançar as 218 assinaturas necessárias para a votação da petição de liberação de documentos.
“Quero ver os e-mails que Epstein tinha com outras pessoas ricas e poderosas, as fotos que estavam no computador dele, e saber quem realmente participou do tráfico sexual ou visitou a ilha de Epstein [Little St. James, nas Ilhas Virgens Americanas]”, declarou Khanna em entrevista exclusiva. “É preciso haver um acerto de contas neste país.”
Parte dessas informações já foi divulgada pelo Comitê de Supervisão da Câmara, embora com muitas lacunas. Outros documentos surgiram durante processos federais contra Epstein e sua cúmplice Ghislaine Maxwell, condenada em 2021 a 20 anos de prisão por envolvimento na conspiração de tráfico sexual.
Entre os 65 mil documentos já liberados pelo comitê estão registros de voos de Epstein, seus arquivos financeiros e agendas diárias, muitos deles não incluídos na petição aprovada.
Epstein foi encontrado morto em 10 de agosto de 2019, em sua cela em Manhattan, antes de ser julgado. A morte foi oficialmente considerada suicídio.