Câmara vai ouvir ex-diretor da Conab sobre polêmico leilão do arroz

A Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira, 2, a convocação de Thiago José dos Santos, ex-diretor-executivo de Operações e Abastecimento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), para uma audiência pública. Santos, envolvido no leilão de arroz da Conab, alega que foi demitido injustamente e que apenas seguiu ordens do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro.

Está previsto que Santos seja ouvido pelo colegiado na quarta-feira, 3, conforme proposto pelo deputado federal Rodolfo Nogueira (PL-MS), autor do requerimento. O documento solicita que o ex-diretor da Conab explique detalhes sobre o leilão e os motivos de sua demissão.


Em declaração ao jornal O Globo, Santos afirmou: “Fizemos o que o ministro mandou e colocamos no papel. Foi muita fala política e menos fala técnica. O ministro determinou R$ 5 o quilo, abaixo do preço de paridade. Isso tirou outros participantes da concorrência. Não tenho participação nenhuma. Só escrevi o que o governo falou através do Ministério da Agricultura. Apesar de os leilões não serem supervisionados pelo ministério, ele [Carlos Fávaro] trouxe para o gabinete dele esse assunto.”

O leilão em questão, que resultou na compra de 263.730 toneladas de arroz por R$ 1,3 bilhão, foi anulado pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva em 11 de junho, devido a preocupações com a capacidade das empresas vencedoras de entregarem o produto. Um novo leilão será realizado.

Após o leilão, surgiram diversas denúncias, incluindo o possível uso de empresas fictícias, com destaque para a principal vencedora, a empresa Wisley A. de Sousa. O objetivo inicial do leilão era adquirir arroz importado após as enchentes no Rio Grande do Sul. Apesar dos alertas dos produtores locais sobre a safra nacional e a desnecessidade de importação, o governo só cancelou a medida após identificar irregularidades.

A Polícia Federal abriu um inquérito para investigar o caso, enquanto uma facção da oposição no Congresso defende a abertura de uma CPI. Segundo Santos, os técnicos da Conab recomendavam um preço inicial entre R$ 5,50 e R$ 5,80 por quilo, mas o valor final foi fixado em R$ 5.

“Se tivéssemos seguido as orientações técnicas da Conab, nada teria dado errado”, explicou. “Foi uma situação delicada na qual me sinto completamente injustiçado, pois não participei de nenhuma decisão até o momento do leilão.”

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