O chanceler Mauro Vieira se pronunciou nesta quarta-feira (28) sobre a decisão do governo dos Estados Unidos de restringir vistos para autoridades estrangeiras acusadas de promover censura contra norte-americanos. Em audiência na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional na Câmara dos Deputados, o chefe da diplomacia brasileira enfatizou que os interesses do Brasil estão em “primeiro lugar”.
Vieira foi questionado pelo deputado Carlos Zarattini (PT) sobre o anúncio realizado horas antes pelo secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, classificado pelo petista como “ingerência” norte-americana sobre o Brasil. Ao responder, o ministro das Relações Exteriores afirmou que o Brasil não possui nenhuma parceria incondicional.
“Queria relembrar as palavras que disse, em referência ao Barão de Rio Branco [pai da diplomacia brasileira], dizendo que o Brasil não tem alianças, não tem parcerias incondicionais”, disse o chanceler. “O principal é o interesse nacional, que está em primeiro lugar”, acrescentou Mauro Vieira.
Soberania e Potenciais Alvos
Vieira também destacou a autonomia dos países em suas políticas migratórias. “A política de visto é de cada Estado, cada um toma as decisões de conceder ou não conceder. É uma decisão soberana de cada país”, disse ele, sem citar nomes que poderiam ser afetados com a medida.
Na semana passada, Marco Rubio havia declarado a possibilidade de o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, sofrer sanções dos EUA, como ser proibido de entrar no país. Essa declaração já havia causado preocupação ao governo brasileiro, que afirmou a Washington que as relações bilaterais seriam negativamente afetadas.
Embora o anúncio oficial de Rubio não cite alvos específicos, o texto menciona a América Latina e autoridades estrangeiras “cúmplices de censura a americanos”. Após o anúncio, Jason Miller, um ex-assessor do presidente Donald Trump, citou o ministro Alexandre de Moraes, do STF, no X (antigo Twitter), insinuando que ele poderia ser um dos alvos.
“Estrangeiros que trabalham para minar os direitos dos americanos não devem ter o privilégio de viajar para o nosso país. Seja na América Latina, na Europa ou em qualquer outro lugar, os dias de tratamento passivo para aqueles que trabalham para minar os direitos dos americanos acabaram”, disse o secretário de Estado americano durante o anúncio da medida.