China eleva tensão com Taiwan após “escala de Lai nos EUA”

Um total de 38 aeronaves do Exército da China sobrevoaram nesta quarta-feira (16) as imediações de Taiwan, em meio aos rumores sobre uma possível escala do presidente da ilha, William Lai, nos Estados Unidos durante sua prevista viagem ao Paraguai em agosto, segundo informaram fontes oficiais taiwanesas.

Em comunicado, o Ministério da Defesa Nacional de Taiwan relatou que, desde às 8h07 desta quarta-feira (horário local, 21h07 de terça-feira de Brasília), havia detectado sucessivas incursões de aeronaves chinesas, entre elas caças de combate J-16, aviões de alerta antecipado KJ-500 e drones.


Do total de aeronaves, 28 cruzaram a linha média do Estreito e entraram na região sudoeste e central da autoproclamada Zona de Identificação de Defesa Aérea (ADIZ) taiwanesa.

– Essas atividades foram realizadas em coordenação com navios do Exército de Libertação Popular (ELP), com o objetivo de hostilizar os arredores do espaço aéreo e marítimo de Taiwan – frisou a pasta militar taiwanesa.

Esses movimentos ocorreram no mesmo dia em que o Escritório de Assuntos de Taiwan do Conselho de Estado (Executivo chinês) expressou sua “firme oposição” ao trânsito de Lai por território americano, algo que poderia desencadear um novo aumento das tensões com Pequim.

– Nos opomos firmemente a qualquer tipo de intercâmbio oficial entre os Estados Unidos e a região chinesa de Taiwan e ao trânsito de Lai nos Estados Unidos sob qualquer pretexto – declarou o porta-voz do escritório, Chen Binhua, em coletiva de imprensa.

Lai, taxado de “independentista” e “arruaceiro” pelas autoridades de Pequim, visitou o Paraguai quando era vice-presidente em agosto de 2023, após fazer escalas em Nova Iorque e São Francisco, ao que Pequim respondeu com o lançamento de uma rodada de exercícios militares em torno da ilha.

Em um breve comunicado, a porta-voz presidencial taiwanesa Karen Kuo assegurou nesta terça (15) que ainda “não há informação” a respeito de um eventual trânsito de Lai pelo território americano e que, caso algum plano se confirme, “a população será informada oportunamente”.

O presidente taiwanês já fez escala nos territórios americanos de Guam e Havaí durante uma viagem pelo Pacífico Sul no final do ano passado, após a qual a China realizou uma de suas maiores mobilizações navais em décadas.

As autoridades de Pequim consideram Taiwan como uma “parte inalienável” do território chinês e não descartaram o uso da força para concretizar a “reunificação” da ilha e do continente, um dos objetivos de longo prazo traçados pelo presidente chinês, Xi Jinping, após sua chegada ao poder em 2012.

Há mais de sete décadas, os EUA se encontram no meio das disputas entre ambas as partes, já que Washington é o principal fornecedor de armas a Taipei e, embora não mantenha vínculos diplomáticos com a ilha, poderia defendê-la em caso de conflito com Pequim.


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