Cid buscou apoio de assessor de Toffoli diante de risco de prisão

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), procurou auxílio de Sérgio Braune, assessor do ministro Dias Toffoli no Supremo Tribunal Federal (STF), ao saber de uma possível ordem de prisão contra ele em janeiro de 2023. A informação foi revelada pelo portal UOL, que teve acesso ao conteúdo do celular apreendido de Cid pela Polícia Federal (PF).

A troca de mensagens entre Cid e Braune revela a preocupação do militar com sua situação jurídica logo após o fim do governo Bolsonaro. Em 1º de janeiro, ele enviou uma reportagem que citava o risco de prisão. Braune respondeu: “Não acredito. Não tem sentido”.

Ao explicar que respondia a “6 inquéritos (2 indiciamentos)”, o assessor do STF classificou como um “absurdo” e tentou tranquilizar o militar: “Tudo vai se resolver”. Em seguida, afirmou: “Vou passar sua preocupação para o meu 01”, em referência ao ministro Toffoli.

Durante o diálogo, Cid afirmou que era alvo por motivações políticas e que estaria sendo usado para atingir o ex-presidente. Braune concordou com a avaliação e prometeu interceder: “Ridículo isso! No término do recesso do Judiciário, vou agendar uma audiência com o ministro para você. Vou falar com uns amigos advogados de peso sobre isso. Acho que os Caputo Bastos podem ajudar”.

Ele citava o escritório Caputo, Bastos e Serra Advogados, dos irmãos Gustavo e Francisco Caputo. O militar também buscou justificar sua atuação ao lado de Bolsonaro: “Eu não sei até onde isso vai… Mas tenho que pelo menos expor meu lado… eu não sou e nunca fui ente político. Sou militar e fui designado para trabalhar com o Pr [Presidente da República]. Mas que funcionamente [sic] me aproximei dele… Eu era responsável por toda vida pessoal e funcional dele… Desde pagar a conta até controlar agenda”.

Braune respondeu: “Claro! Tenho total ciência disso! Trabalhei no Palácio do Planalto por 30 anos, comecei no mandato do Figueiredo. Sei inclusive o que representa tudo isso em sua carreira militar. Eh [sic] uma injusta forma de atingir não a você diretamente, mas ao Presidente”.

Atualmente assessor no gabinete de Toffoli, Braune já ocupou a chefia de gabinete da Presidência do STF entre 2018 e 2020, quando o ministro presidia a Corte. Ao ser procurado pelo UOL, Braune negou ter indicado qualquer advogado a Cid, disse que não conversou com Toffoli sobre o assunto e afirmou que a audiência mencionada não chegou a acontecer.

Mauro Cid é réu no STF por suposta tentativa de golpe de Estado e outros quatro crimes. A acusação faz parte da ação penal que envolve Bolsonaro e outras 29 pessoas. Cid foi o primeiro a apresentar defesa, após firmar um acordo de delação premiada com a PF. Seus advogados pedem a absolvição sumária, alegando que o tenente-coronel atuou apenas como “simples porta-voz” do ex-presidente.


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