Cid depõe à PF sobre possível fuga, mantém acordo de delação e é liberado

O tenente-coronel Mauro Cid prestou depoimento por cerca de três horas à Polícia Federal, nesta sexta-feira (13), em Brasília, como parte da investigação sobre uma suposta tentativa de fuga do país com apoio do ex-ministro do Turismo Gilson Machado. Ao fim do interrogatório, Cid foi liberado e teve seu acordo de delação premiada mantido.

Cid foi ouvido apenas pelo delegado Fábio Shor e chegou à sede da PF às 10h56, acompanhado do advogado Cezar Bittencourt. O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), responsável pelo caso, não participou do depoimento.

A operação que resultou na condução do militar está ligada a uma apuração da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre um possível plano para Cid deixar o Brasil utilizando a cidadania portuguesa. A PF chegou a cumprir mandado de busca e apreensão em sua casa, e o STF autorizou um mandado de prisão, que foi posteriormente revogado.

Segundo a defesa, Cid admitiu ter solicitado a cidadania portuguesa em 11 de janeiro de 2023, poucos dias após os ataques golpistas de 8 de Janeiro, mas negou que o pedido tenha sido motivado por uma tentativa de fuga. “Foi única e exclusivamente porque a esposa e filhas de Cid já têm a cidadania”, disse Bittencourt. Ele também negou ter conhecimento de qualquer articulação por parte de Gilson Machado, preso hoje no Recife pela mesma investigação.

O acordo de colaboração premiada de Mauro Cid segue em vigor. Ele continuará obrigado a cumprir medidas cautelares, como uso de tornozeleira eletrônica, proibição de uso de redes sociais e recolhimento domiciliar noturno. “Tudo o que Cid já apresentou às autoridades judiciais segue válido, assim como seus depoimentos anteriores”, reforçou sua defesa.

A delação de Cid é peça-chave na denúncia apresentada pela PGR contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros aliados por crimes relacionados a uma tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Os acusados respondem por cinco crimes: organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. As penas podem chegar a até 46 anos de prisão.

Cid já foi preso em duas ocasiões desde o início das investigações. A primeira, em 2023, envolveu a suposta falsificação de cartões de vacinação. A segunda, em 2024, ocorreu após vazamento de áudios em que ele criticava o STF e dizia ter sido coagido. Na ocasião, afirmou que se tratavam de “desabafos”.

O STF decidirá, ao final do julgamento da ação penal, se os benefícios do acordo de delação de Mauro Cid serão mantidos integralmente.


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