A ONU (Organização das Nações Unidas) manifestou nesta quarta-feira (29) estar “horrorizada” com a megaoperação policial realizada no Rio de Janeiro, que resultou em pelo menos 64 mortos, incluindo quatro policiais. A organização destacou, em publicação nas redes sociais, a tendência de operações letais em favelas brasileiras.
“Estamos horrorizados com a operação policial em andamento nas favelas do Rio de Janeiro, que já teria resultado na morte de mais de 60 pessoas, incluindo 4 policiais. Esta operação mortal reforça a tendência de consequências letais extremas das operações policiais em comunidades marginalizadas do Brasil”, disse a ONU.
A operação, deflagrada na terça-feira (28), tinha como objetivo combater o Comando Vermelho nos Complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte do Rio. Ao longo do dia, 81 pessoas foram presas, enquanto outros 60 suspeitos foram mortos, além dos quatro policiais, tornando a ação a mais letal da história da cidade.
Após o início da operação, o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), criticou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cobrando apoio do governo federal e afirmando que o estado estava “sozinho” na ação. Mesmo assim, Castro informou que não solicitou forças federais nesta operação.
“Tivemos pedidos negados três vezes: para emprestar o blindado, tinha que ter GLO [Garantia da Lei e da Ordem]. E o presidente [Lula] é contra a GLO. Cada dia, uma razão para não estar colaborando”, declarou o governador.
Em resposta, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, rebateu as críticas: “Não recebi nenhum pedido do governador do Rio de Janeiro, enquanto ministro da Justiça e Segurança Pública, para esta operação. Nem ontem, nem hoje, absolutamente nada”.
Nesta quarta-feira (29), uma comitiva do governo federal vai ao Rio de Janeiro para discutir com o governador medidas de enfrentamento ao crime organizado. O ministro da Casa Civil, Rui Costa, também colocou à disposição vagas no sistema penitenciário federal para auxiliar no gerenciamento da segurança.
A operação e as mortes geraram alertas de organismos internacionais e reacenderam o debate sobre o uso de força policial em favelas e comunidades marginalizadas, ressaltando a necessidade de diálogo entre governos estadual e federal.