O assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, Michael Waltz, admitiu nesta terça-feira (26) ter criado um grupo de mensagens no aplicativo criptografado Signal, no qual participaram altos funcionários do governo dos Estados Unidos para discutir operações militares no Iêmen.
Em entrevista à Fox News, Waltz afirmou assumir “total responsabilidade” pelo ocorrido e classificou a situação como “vergonhosa”, em sua primeira manifestação pública após a revelação da existência do grupo.
“Assumo total responsabilidade. Fui eu quem criou o grupo. É vergonhoso. Vamos chegar ao fundo dessa questão”, declarou Waltz ao ser questionado sobre a possível exposição de informações sensíveis. A polêmica surgiu depois que o editor-chefe da revista The Atlantic, Jeffrey Goldberg, afirmou ter sido adicionado por engano à conversa privada.
De acordo com Goldberg, o grupo foi criado no início do mês e incluía nomes como o secretário de Defesa, Pete Hegseth; o vice-presidente, JD Vance; o secretário de Estado, Marco Rubio; a diretora de Inteligência Nacional, Tulsi Gabbard; e o diretor da CIA, John Ratcliffe. Segundo a publicação, no grupo foram compartilhados documentos com informações operacionais, incluindo detalhes sobre armamentos, alvos escolhidos e horários planejados para ataques.
Goldberg não informou se manteve cópias dos documentos nem se notificou as autoridades antes de tornar as informações públicas.
Questionado se alguém de sua equipe teria adicionado o jornalista ao grupo, Waltz disse que sua função é garantir a coordenação das comunicações, mas sugeriu que Goldberg pode ter sido incluído deliberadamente, sem apresentar provas.
“Estamos tentando determinar se isso foi feito de propósito ou se ocorreu por algum motivo técnico”, declarou Waltz, acrescentando que o governo Trump iniciou uma revisão técnica do incidente. “Estamos reforçando nossa segurança. Contamos com as mentes tecnológicas mais brilhantes analisando como isso aconteceu”, explicou.
O assessor também sugeriu que jornalistas estariam tentando prejudicar o presidente: “Há repórteres que ganharam fama e dinheiro e agora estão tentando difamar este governo.”
Por sua vez, o secretário de Defesa, Pete Hegseth, negou na segunda-feira (25) que informações sigilosas tenham sido compartilhadas pelo aplicativo. “Ninguém estava enviando planos de guerra, e isso é tudo o que tenho a dizer sobre o assunto”, declarou ele à imprensa após chegar à Base Aérea de Hickam, no Havaí.
Hegseth também acusou Goldberg de divulgar informações falsas, sem esclarecer o funcionamento do grupo no Signal nem detalhar o conteúdo das mensagens trocadas.
Até o momento, nem o Departamento de Estado nem a CIA se pronunciaram sobre o caso. Também não houve declarações públicas de Marco Rubio, JD Vance e Tulsi Gabbard, que supostamente faziam parte do grupo. A Diretoria Nacional de Inteligência dos EUA não respondeu aos pedidos de esclarecimento da imprensa.
O episódio gerou preocupações dentro e fora do governo sobre a segurança dos protocolos internos, especialmente no uso de aplicativos de mensagens em discussões sobre operações militares.
Os Estados Unidos têm apoiado a coalizão liderada pela Arábia Saudita contra os houthis no Iêmen, conflito que permanece como uma das principais tensões geopolíticas no Oriente Médio.
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