O Banco Master firmou, em 16 de janeiro de 2024, um contrato com o escritório da família de Viviane Barci de Moraes, mulher do ministro Alexandre de Moraes, para defender interesses da instituição junto ao Banco Central, à Receita Federal e ao Congresso Nacional. O documento, revelado nesta terça-feira (8), circulou durante investigações da operação Compliance Zero.
O acordo previa pagamento mensal de R$ 3,6 milhões durante três anos. Caso o cronograma tivesse sido cumprido até outubro de 2025, mês anterior à intervenção do BC, o escritório Barci de Moraes teria recebido R$ 79 milhões. O contrato poderia alcançar R$ 129 milhões até 2027. No escritório atuam ainda os dois filhos do ministro.
O documento, divulgado pela coluna de Malu Gastar, do jornal O Globo, descreve cinco núcleos de atuação, com atividades estratégicas, consultivas e contenciosas. As áreas envolveriam Judiciário, Ministério Público, Polícia Federal, Banco Central, Receita Federal, PGFN, Cade e Congresso, com acompanhamento de projetos de interesse do banco.
Órgãos como BC, Receita, PGFN e Cade foram questionados sobre eventuais pedidos ou petições feitas pelo escritório, mas não responderam. Segundo apuração da coluna, Viviane Barci de Moraes não participou de reuniões no Cade sobre a tentativa de compra do Master pelo BRB. O escritório também não aparece no processo em que o banco é representado pelo Pinheiro Neto.
O contrato foi apreendido no celular do empresário Daniel Vorcaro, preso na operação Compliance Zero. A existência do documento já causava tensão entre advogados antes mesmo de sua divulgação, diante da possibilidade de ter circulado entre executivos e ex-funcionários do Master.
Após a revelação, iniciou-se um rastreamento de outros arquivos que poderiam estar no aparelho ou em consultorias que fizeram due diligence do banco em 2025. Até o momento, o escritório Barci de Moraes não se manifestou sobre esses contratos.