A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga desvios em aposentadorias pagas pelo INSS deve ouvir nesta quinta-feira (25) o depoimento de Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”. Preso desde o último dia 12 na Superintendência da Polícia Federal (PF), em Brasília, Antunes é apontado como intermediador de negociações suspeitas entre dirigentes do instituto e entidades envolvidas em fraudes.
Inicialmente, o ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), havia determinado que o depoimento ocorresse na terça-feira (23). No entanto, o presidente da CPMI, senador Carlos Viana (Podemos-MG), decidiu transferir a oitiva para esta quinta-feira. “Certeza na vida a gente só tem com a morte. Essa não se escapa dela. Mas houve uma boa conversa com o advogado, e tomei a decisão de transferir para a quinta para que todos possam ter tempo de fazer as perguntas”, afirmou Viana durante sessão na segunda-feira (22).
Suspeita de desvio bilionário
De acordo com a PF, entre 2023 e 2024, Antunes transferiu cerca de R$ 9,3 milhões para pessoas ligadas a servidores do INSS. A estimativa dos investigadores é que os desvios em aposentadorias possam ter causado prejuízo de até R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024. O apelido “Careca do INSS” teria surgido dentro do próprio órgão, em referência à sua atuação como lobista.
Próximos passos da comissão
Além do depoimento de Antunes, os parlamentares devem votar nesta quinta-feira cerca de 30 requerimentos. Entre eles, estão pedidos de convocação de Rodrigo Moraes, apontado como sócio da Arpar — empresa suspeita de envolvimento na lavagem de parte do dinheiro desviado —, além de presidentes de confederações supostamente ligadas ao esquema.
Dois requerimentos também pedem a prisão preventiva do advogado Nelson Wilians Fratoni Rodrigues e o envio do Relatório de Inteligência Financeira do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) referente a ele, abrangendo o período de 2019 a 2024.
Outro ponto da pauta é a votação de uma minuta de projeto de lei que busca reforçar os mecanismos de controle sobre a concessão de benefícios do INSS. A proposta prevê maior autonomia das CPIs em relação à Polícia Judiciária e ao Ministério Público, obriga o compartilhamento de provas e dados sigilosos quando solicitados e estabelece sanções para depoentes que faltarem injustificadamente.