Relatórios do Coaf revelaram que Ricardo Bimbo, coordenador do Setorial Nacional de Tecnologia e Informação do PT, esteve no centro de movimentações financeiras consideradas suspeitas, envolvendo repasses da ADS Soluções e Marketing, companhia investigada por participar de esquema de desvio de recursos voltados a aposentados do INSS.
De acordo com os documentos enviados à CPMI do INSS, a ADS transferiu R$ 120 mil diretamente para a conta de Bimbo e outros R$ 8,29 milhões para a Datacore, empresa de tecnologia da qual ele é sócio.
Os pagamentos à pessoa física ocorreram entre 2023 e 2024. Entre agosto de 2023 e julho de 2024, foram realizadas 22 transferências para a Datacore, das quais R$ 2,5 milhões foram enviados depois de Bimbo se tornar sócio.
Questionado pelo jornal Metrópoles, Bimbo afirmou não recordar das transferências e declarou não saber que tipo de serviço teria prestado para justificar tais valores.
No mesmo período, o petista pagou um boleto de R$ 10.354,60 ao contador João Muniz Leite, que controlava as finanças de Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, até se tornar alvo da Operação Fim da Linha por suspeita de lavar dinheiro para o PCC.
Bimbo, filiado ao PT desde 1989, participou da campanha presidencial de Lula em 1998, ocupou cargos na legenda e trabalhou na Prefeitura de São Paulo durante a gestão Marta Suplicy, ao lado de Rui Falcão (PT-SP).
O Ministério Público paulista também o investigou por suposto favorecimento a entidades ligadas a militantes do partido.
Ramificações do esquema envolvendo coordenador do PT
Embora registrada como empresa de marketing, a ADS recebeu valores expressivos de associações suspeitas de promover descontos indevidos nos benefícios de aposentados.
Entre fevereiro de 2023 e julho de 2024, a Potyguar Associação de Proteção e Defesa dos Aposentados repassou R$ 43,1 milhões; a Universo Associação dos Aposentados e Pensionistas dos Regimes Geral da Previdência Social (AAPPS Universo) transferiu R$ 23,2 milhões; e a Associação de Proteção e Defesa dos Direitos dos Aposentados e Pensionistas (Apdap Prev) enviou R$ 5,2 milhões e teve bens bloqueados pela Advocacia-Geral da União (AGU).
Além de destinar recursos a Bimbo, a ADS transferiu R$ 2,6 milhões ao escritório de advocacia de Eric Fidelis, filho do ex-presidente do INSS, André Fidelis.
A empresa também negociou valores com uma companhia pertencente à esposa do ex-procurador-geral do INSS, Vigílio Antônio Riberia de Oliveira Filho.
Até dezembro de 2024, registros mostram saldo devedor de R$ 2,98 milhões da ADS com a empresa de Bimbo e o total de 22 transferências à Datacore, atingindo R$ 8,29 milhões.