Defesa de Cid pede investigação sobre vazamento de delação

A defesa do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de uma investigação para identificar e punir o responsável pelo vazamento de informações sigilosas do acordo de colaboração premiada do militar à imprensa. O vazamento ocorreu no último domingo (26) e gerou forte reação da defesa do ex-presidente.

No documento encaminhado ao ministro Alexandre de Moraes, os advogados de Cid classificaram o episódio como um crime, argumentando que a divulgação irregular coloca em risco não apenas o colaborador e sua família, mas também a condução dos processos em curso. “Tal vazamento ocorreu de forma criminosa, colocando em risco não só o colaborador e sua família, mas também a tranquilidade do andamento processual numa causa tão sensível e de interesse de todo o país”, afirma a defesa.

Os advogados enfatizaram que não buscam responsabilizar a imprensa pela divulgação, reconhecendo o direito constitucional à informação, mas ressaltaram a necessidade de punir quem violou o sigilo judicial. “Porém, esse direito à informação não pode ser confundido com quebra de sigilo imposto por determinação. Da mesma forma, não se haverá de ignorar a responsabilidade de quem tenha enviado para a imprensa, sob pena do instituto da colaboração premiada perder sua credibilidade”, pontuaram.


Conteúdo da delação
Mauro Cid firmou seu acordo de colaboração premiada com a Polícia Federal em agosto de 2023 e 2024. Em seu depoimento, revelou detalhes sobre as discussões entre aliados de Bolsonaro após a derrota eleitoral para Luiz Inácio Lula da Silva em 2022. O militar relatou à PF que o ex-presidente trabalhava com duas possibilidades: tentar provar fraude nas eleições ou convencer as Forças Armadas a aderirem a um golpe de Estado por meio de um grupo radical.

A delação de Cid também impulsionou outras investigações, como a da chamada “Abin Paralela”, que apura o suposto uso da Agência Brasileira de Inteligência para monitoramento de adversários políticos.

Além disso, o tenente-coronel é investigado por envolvimento em um esquema irregular de importação e venda de joias recebidas pelo governo Bolsonaro como presentes da Arábia Saudita. Ele também é suspeito de fraudar dados de vacinação do ex-presidente e de sua filha mais nova.

Agora, o pedido da defesa será analisado pelo ministro Alexandre de Moraes, que decidirá sobre a abertura da investigação.

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