Depois de visita, Mello Araújo diz que Bolsonaro ‘está sendo enterrado vivo’

O vice-prefeito de São Paulo, coronel Ricardo Augusto de Mello Araújo (PL), fez um relato sobre sua visita ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nesta terça-feira (26) e demonstrou indignação com figuras políticas ligadas à direita que, segundo ele, já estão disputando os “espólios” do líder conservador visando a Presidência em 2026.

As declarações ocorreram em entrevista à Folha de S.Paulo. Na conversa, Mello Araújo afirmou que sente como se estivessem “enterrando Bolsonaro vivo”.


– É como se um pai estivesse na UTI (Unidade de Tratamento Intensivo), e os filhos estivessem disputando o espólio antes de ele morrer. E aqui eu não estou falando dos filhos do ex-presidente, não. Estou falando dos filhos políticos dele, dos herdeiros políticos do Bolsonaro. Só querem o espólio dele, só querem os 30% dos votos dele. Povo sem-vergonha! – criticou.

Segundo o militar, Bolsonaro só anunciará qual nome vai apoiar após o julgamento no STF, que começa na próxima terça-feira (2). Para Mello, esse era o momento de todas as figuras políticas conservadoras se concentrarem na defesa do ex-chefe do Executivo.

– Qual é o tema principal nesse momento? É a eleição, que vai ser só em 2026, ou é o julgamento do Bolsonaro, que começa na semana que vem? É óbvio que é o julgamento. Amizade, lealdade, não existe nada disso. Só existe uma disputa pelo poder – analisou.


VISITA


A visita de Mello à casa de Jair Bolsonaro ocorreu entre as 14h às 18h. Lá, o vice-prefeito afirma ter encontrado seu amigo triste e “indignado com tudo o que estão fazendo com ele”. Ele relata que o ex-líder do Planalto perdeu três quilos desde que foi posto em prisão domiciliar, e que seu humor oscila entre gargalhadas em razão de boas lembranças e olhos marejados por causa das “muitas injustiças” que enfrenta no presente.

– Forcei a barra para ele fazer exercícios físicos, mas ontem não deu – assinalou.

Mello disse que o líder conservador está estarrecido diante da possibilidade de “ser condenado por algo que ele não fez”. Bolsonaro é acusado de planejar um golpe de Estado após as eleições de 2022.


– Ele falou muito do julgamento, da possibilidade de ser condenado por algo que ele não fez. Ele está indignado. Como uma pessoa dessas, o único presidente que não roubou, que não tem milhões em sua casa, nunca encontraram nada, vai ser condenado e preso? Enquanto bandidos são soltos diariamente? Ele me falou “os caras vão me condenar sem que eu tenha feito nada, é uma injustiça” – adicionou.

Apesar disso, o coronel afirmou que foi possível arrancar risos e até uma gargalhada do líder conservador ao lembrá-lo de bons momentos e do apoio popular que ele possui.

– Bolsonaro tem esperança e fé muito grande numa intervenção divina – garantiu.

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