Eleita deputada estadual no Ceará pelo Partido Liberal (PL), em 2022, Marta Gonçalves atrelou sua campanha à imagem de seu partidário e ex-presidente Jair Bolsonaro. Mas antes mesmo de completar um ano de sua eleição e da derrota bolsonarista, a deputada abraçou a iniciativa da esquerda de aprovar a concessão de título de cidadão cearense ao ministro da Justiça e da Segurança Pública, Flávio Dino, principal alvo da oposição ao governo do presidente Lula (PT).
Terceira mais votada para a atual legislatura da Assembleia do Ceará (Alece), Marta Gonçalves é esposa do presidente estadual do PL de Bolsonaro, Acilon Gonçalves, que é prefeito de Eusébio. Mas ignorou que Dino se tornou o principal alvo do bolsonarismo, ainda mais neste momento em que é pedido impeachment do ministro, após seus auxiliares receberem em agendas oficiais do Ministério da Justiça a Luciane Barbosa Farias, conhecida como “dama do tráfico amazonense”, por ser esposa de um dos líderes da facção criminosa Comando Vermelho.
Ainda em outubro, quando Dino já era o ministro mais odiado do grupo político de Bolsonaro, Marta Gonçalves assinou o Projeto de Lei 1000/2023, de autoria do deputado estadual Romeu Aldigueri (PDT), apoiando a homenagem ao auxiliar de Lula.
Além de elogiar a gestão do desafeto dos bolsonaristas e de seu partido, a deputada do PL atestou o documento que destaca a atenção de Dino ao Nordeste do Brasil, favorecendo diretamente o povo cearense, citando a entrega de 17 viaturas e 120 armas pelo Ministério da Justiça às forças policiais cearenses.
“[A entrega do título de cidadão] vai além de um mero ato cerimonial, simbolizando uma genuína expressão de respeito e gratidão ao povo cearense pela dedicação do ministro Flávio Dino”, diz o projeto de lei que Marta Gonçalves assinou como única parlamentar do PL a apoiar o projeto.
A nova lei foi aprovada na sessão plenária de 1º de novembro, em que Marta Gonçalves esteve presente. Foram registrados votos contrários apenas de Carmelo Neto(PL) e Sargento Reginauro (PL).
A deputada recorre de condenação do Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE), que decidiu pela sua cassação por fraude à cota de gênero nas eleições de 2022.
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