O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, disse que não vai permitir “nenhum tipo de desvio de conduta” de policiais. A fala ocorreu na esteira de uma operação da Corregedoria prender um policial militar apontado como executor do delator do PCC Vinícius Gritzbach, morto em novembro do ano passado no Aeroporto de Guarulhos.
Derrite afirmou ainda que as investigações continuam, já que o mandante do crime ainda não foi identificado.
“Eu vejo como uma marca da nossa gestão, que não vai permitir nenhum tipo de desvio de conduta”, disse Derrite em entrevista à TV Globo nesta quinta-feira, 16. “Alguns erros são aceitáveis, mas para nós é inaceitável o envolvimento de policiais com o crime. Esse inquérito policial militar [IPM] ainda não se encerrou, o mandante principal do crime a gente ainda deve concluir, seja pelo IPM, seja pela Corregedoria.”
A operação desta quinta-feira já cumpriu 13 dos 15 mandados de prisão preventiva e sete de busca e apreensão em endereços na Região Metropolitana de São Paulo. Entre os presos, cinco tinham ligação direta com Gritzbach. Entre os alvos, estão dois tenentes e 13 praças.
Em abril de 2024, a Corregedoria da Polícia Militar (PM) recebeu denúncias de que policiais estariam fazendo escolta privada e outros serviços para integrantes do PCC e instaurou um procedimento. Em outubro, um mês antes da morte de Gritzbach, os policiais-alvo da operação desta quinta-feira passaram a ser investigados.
Delator do PCC fazia investimentos em criptomoedas
Gritzbach era um empresário que fez dinheiro com investimentos em criptomoeadas e no ramo imobiliário e usava negócios para lavar dinheiro do PCC. Ele foi preso em 2022 no âmbito das investigações de Anselmo Becheli Santa Fausta, o “Cara Preta”, e Antônio Corona Neto, o “Sem Sangue”, apontados como membros da facção.
Depois disso, ele passou a colaborar com a polícia e delatou tanto a atuação da organização quanto um esquema de corrupção de agentes das Polícias Militar e Civil para auxiliar o crime organizado. Ele foi morto a tiros no Terminal 2 do Aeroporto de Guarulhos, em 8 de novembro.
Segundo Derrite, a Corregedoria já apurava casos de policiais que faziam escolta clandestina para integrantes do PCC.
“Não tem como um PM da ativa fazer serviço extracorporação para um indivíduo que era um criminoso como o Gritzbach, isso é inadmissível”, afirmou. “O inquérito mostrou que eles atuavam como uma organização criminosa, favorecendo o crime organizado.”