Doações enviadas dos Estados Unidos para auxiliar famílias atingidas pelas enchentes no Rio Grande do Sul em 2024 acabaram sendo desviadas e comercializadas em brechós da Serra gaúcha, segundo o Ministério Público do estado. A prática foi alvo da Operação Ascaris, deflagrada nesta quinta-feira (4/12) pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MPRS).
As investigações apontam que roupas, fraldas e utensílios enviados tanto dos EUA quanto por empresas da Serra foram encaminhados a uma ONG, mas, em vez de serem entregues às famílias desabrigadas, eram revendidos.
O Ministério Público identificou indícios de lavagem de dinheiro e enriquecimento ilícito com uso de “laranjas” e recebimento de valores por Pix em nome de terceiros. Parte do dinheiro teria sido usada para comprar veículos, um apartamento e outros bens.
“O interesse público é muito superior ao interesse individual dos investigados, que se aproveitaram da dor das pessoas para obter vantagem patrimonial”, afirmou o promotor Manoel Figueiredo Antunes, responsável pela investigação. Segundo ele, parte dos suspeitos chegou a divulgar ações solidárias nas redes sociais durante as enchentes.