O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) anunciou que abrirá mão de seu mandato e permanecerá nos Estados Unidos por tempo indeterminado. A decisão, segundo ele, está baseada no temor de ser “perseguido e preso” pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. “Minha volta só ocorrerá quando Alexandre de Moraes não tiver mais força para me prender”, afirmou à Coluna do Estadão nesta segunda-feira (14).
Eduardo alegou que, caso retornasse ao Brasil, sofreria restrições como apreensão de passaporte e abertura de novos inquéritos. “No Brasil, o STF, quer dizer, Alexandre de Moraes, ia tentar colocar uma coleira em mim, tirar meu passaporte, me fazer de refém, ficar ameaçando, como ele sempre faz – mandando a Polícia Federal na casa, abrindo inquérito, inquirindo pessoas ao meu entorno. Então, eu não vou me sujeitar a fazer isso”, declarou. O deputado também disse que não precisa mais do mandato para abrir portas e manter sua atuação política.
Ao ser questionado sobre críticas por deixar o país, Eduardo negou ser um “fujão” e afirmou que aprendeu com erros de aliados. “Eu não vou cometer o erro, por exemplo, que o Anderson Torres cometeu, de retornar ao Brasil achando que teria um julgamento decente e minimamente constitucional”, disse. Segundo ele, o ambiente político brasileiro carece de “normalidade democrática”.
A pressão internacional, na visão do deputado, busca corrigir o que classifica como um Judiciário parcial no Brasil. Eduardo alegou que a atuação do STF estaria prejudicando a democracia e tentando afastar seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, da disputa eleitoral.
No domingo (13), o Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores (PT) protocolou um pedido junto ao STF para que o mandato de Eduardo Bolsonaro seja cassado. O partido acusa o deputado de ter articulado, com autoridades americanas, a imposição de sanções econômicas contra o Brasil, em meio ao anúncio de tarifas de 50% feitas pelo governo de Donald Trump.
De acordo com o PT, o parlamentar violou o decoro ao atuar contra os interesses nacionais, buscando apoio externo para interferir nas instituições brasileiras e proteger Jair Bolsonaro de investigações em curso. A petição foi direcionada ao ministro Alexandre de Moraes, que é relator de ações envolvendo deputados bolsonaristas na Suprema Corte.