O número de invasões do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra, o MST, sob o governo Lula despencou após a instalação da comissão parlamentar de inquérito (CPI) pela Câmara dos Deputados que apura a atuação do grupo. Apenas uma invasão ocorreu desde o início dos trabalhos do colegiado, controlado por parlamentares da oposição. Entre janeiro e maio deste ano, foram registradas 56 ocupações.
Os números fazem parte de um levantamento da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária no Brasil (CNA), que monitora regularmente as ocupações de movimentos sociais em propriedades rurais. A única invasão ocorrida após a instalação da CPI foi em uma fazenda produtiva em Santa Cruz do Rio Pardo (SP), a 350 quilômetros da capital paulista, há exatamente um mês.
Entre integrantes da CPI e representantes do agronegócio no Congresso, impera a leitura de que a abertura da comissão ajudou a frear o ritmo acelerado de invasões do MST desde a posse de Lula.
Na série histórica da CNA, o terceiro mandato do petista já tem o maior índice de ocorrências desde 2016 e acumulou em apenas seis meses quase a totalidade de ocupações durante os quatro anos do governo Jair Bolsonaro (62). O ápice da tensão ocorreu durante o chamado “abril vermelho”, mês historicamente caracterizado por uma mobilização mais intensa do MST.
“O próprio governo mandou o MST parar. Estava criando prejuízo [político] para o próprio governo. A gente sabe quem comanda tudo. O efeito imediato que poderia se produzir já aconteceu. [O número de invasões] Despencou e o MST conseguiu continuar fazendo suas nomeações no governo”, avalia o presidente da Frente Parlamentar do Agronegócio (FPA), Pedro Lupion (PP-PR).
O objetivo da CPI, segundo seu requerimento original, é investigar o “real propósito” da atuação do movimento, bem como seus possíveis financiadores. Deputados da bancada ruralista mobilizaram assinaturas suficientes sob o discurso de que o Palácio do Planalto e governos estaduais do PT fizeram pouco caso das invasões.
Na ocasião, as invasões a terras produtivas estavam em ritmo acelerado, o que estremeceu a já conturbada relação entre o governo Lula e o agronegócio. O cenário político criou condições para que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), favorecesse a oposição na composição da CPI – que acabou indicando 20 dos 27 membros titulares.
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