Em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira, o ex-presidente Jair Bolsonaro explicou pela primeira vez publicamente o motivo de não ter passado a faixa presidencial ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante a cerimônia de posse em 1º de janeiro de 2023.
Bolsonaro afirmou que sua decisão foi motivada pela não concordância com a gestão do petista, a quem se referiu como “atual mandatário”, evitando mencionar o nome de Lula.
“Não ia me submeter à maior vaia da história do Brasil”
Questionado sobre o final de seu governo pelo ministro Alexandre de Moraes, o ex-presidente abordou a aceitação do resultado eleitoral de 2022. “Não havia da nossa parte uma gana, mesmo que nós encontrássemos algo na Constituição, o sentimento de todo mundo é que não tinha nada o que fazer, e nós precisávamos entubar”, disse Bolsonaro, indicando a necessidade de aceitar a derrota.
Em seguida, ele detalhou a razão específica para não realizar a tradicional passagem da faixa. “Eu não ia me submeter à maior vaia da história do Brasil. Eu sei que você [Moraes] não iria perguntar, mas seria uma explicação, porque alguns dizem que muita coisa aconteceu, porque eu não passei a faixa. Eu não passei porque eu não me submeteria a passar a faixa para esse atual mandatário que está aí”, explicou, referindo-se a Lula.
Bolsonaro deixou o Brasil em 30 de dezembro de 2022, dias antes da posse de Lula, viajando para os Estados Unidos, onde permaneceu por mais de um mês. Seu depoimento de hoje faz parte do curso da ação penal que o investiga.
