O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, anunciou nesta quarta-feira (23) um “aumento substancial” nas sanções contra a Rússia, com o objetivo de pressionar o governo de Vladimir Putin. A medida ocorre um dia após a Casa Branca adiar indefinidamente a cúpula prevista entre os presidentes Donald Trump e Vladimir Putin, em meio a crescente tensão diplomática e econômica.
Segundo a Oficina de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC) do Tesouro americano, o pacote econômico foi direcionado às maiores companhias petrolíferas russas, motivado pela “recusa de Vladimir Putin em encerrar uma guerra sem sentido” na Ucrânia. Entre as empresas sancionadas estão Rosneft e Lukoil, bem como mais de 30 subsidiárias das duas companhias localizadas na Rússia.
“Agora é o momento de parar a matança e declarar um cessar-fogo imediato. Diante da recusa do presidente russo, Vladimir Putin, em encerrar essa guerra sem sentido, o Tesouro está sancionando as duas maiores empresas petrolíferas russas que financiam a máquina de guerra do Kremlin”, afirmou Bessent em comunicado oficial do Departamento do Tesouro.
O secretário destacou que o Tesouro “está preparado para tomar novas medidas, se necessário, para apoiar os esforços do presidente Trump de encerrar outra guerra” e pediu aos aliados que “se unam e cumpram essas sanções”. De acordo com a interpretação dos EUA, as medidas visam reduzir a capacidade do Kremlin de gerar receita e sustentar a economia russa em meio ao conflito armado, enquanto mantém o compromisso de buscar uma solução pacífica, dependendo da disposição da Rússia em negociar “de boa-fé”.
As sanções bloqueiam todos os bens e interesses de propriedade das empresas e pessoas designadas que estejam em território americano ou sob controle de cidadãos dos EUA, incluindo entidades com participação direta ou indireta de 50% ou mais. Transações com essas empresas, sem autorização específica, estão proibidas, sob risco de sanções civis ou criminais, inclusive para bancos internacionais que facilitem operações significativas ou prestem serviços ao setor militar-industrial russo.
A ação coincide com a visita do secretário-geral da OTAN, Mark Rutte, a Washington, onde se reuniu com o presidente americano para discutir soluções para o fim da guerra iniciada por Moscou na Ucrânia. Desde o início da invasão russa, em fevereiro de 2022, os EUA sancionaram mais de 6 mil pessoas e entidades ligadas à maquinaria militar russa, em coordenação com União Europeia, Reino Unido e outros aliados.
Sanções da União Europeia
Por sua vez, a União Europeia (UE) anunciou nesta quarta-feira um novo pacote de sanções, após superar objeções da Eslováquia, que manifestava preocupação com o fornecimento energético. A medida, que será formalmente adotada em reunião de líderes nesta quinta, proíbe importações de gás natural liquefeito da Rússia em seis meses e sanciona 117 navios adicionais, elevando para 558 o total de embarcações na lista negra. Restrições de acesso a portos, transferências entre navios e serviços de seguro também foram incluídos.
A UE reforçou ainda o controle sobre entidades que facilitam transações proibidas, adicionando 45 empresas, incluindo doze da China, três da Índia e duas da Tailândia, ligadas ao fornecimento de tecnologia e componentes para drones. A movimentação de diplomatas russos no bloco europeu passou a exigir autorização prévia, e cinco novos bancos russos, além de quatro instituições em Belarus e Cazaquistão, tiveram as transações restritas. Serviços de criptomoedas também foram limitados a cidadãos e empresas russas, dificultando o uso de ativos digitais como alternativa às sanções.
As iniciativas de Washington e Bruxelas marcam uma coordenação sem precedentes para restringir economicamente a Rússia e limitar seu acesso a mercados internacionais de capital, energia e tecnologia avançada.