Empresários brasileiros em missão a Washington se reuniram na tarde desta quarta-feira, 3, com Christopher Landau, número dois do Departamento de Estado dos EUA. O órgão equivale ao Ministério das Relações Exteriores. O encontro ocorreu em meio a tentativas de reduzir as tarifas impostas ao Brasil.
Segundo duas pessoas que acompanharam a conversa, Landau, conforme o jornal Folha de S.Paulo, afirmou que o governo norte-americano está aberto ao diálogo. Ressaltou, contudo, que as tarifas são de natureza política. Por isso, não adiantaria, segundo ele, insistir em tratá-las apenas como um tema comercial.
EUA: tarifa de 40% e justificativa de Trump
Landau disse que os motivos da sobretaxa de 40% estão descritos no decreto que o presidente Donald Trump assinou. Na ocasião, o republicano alegou que as medidas foram uma resposta ao que classificou como “caça às bruxas”. Ele referia-se a uma perseguição política do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
De acordo com um funcionário do governo norte-americano, Landau sugeriu aos empresários brasileiros que sua missão teria mais efeito se buscasse sensibilizar as autoridades nacionais quanto à avaliação política feita por Washington.
Landau reforçou que o Departamento de Estado está disposto a discutir o tema com o governo brasileiro. Ressaltou, porém, que o debate se dará no campo político, ligado à retaliação comercial, enquanto o presidente Lula da Silva (PT) já declarou que não pretende negociar questões dessa natureza.
A posição do governo brasileiro é de tratar apenas dos aspectos comerciais das tarifas. Por isso, a condução do tema permanecerá no Departamento de Estado, em vez de ir para o âmbito do Tesouro ou do Departamento de Comércio. Os EUA também pressionam por um alívio à situação de Bolsonaro, que nesta semana enfrenta julgamento no STF sob a acusação de articular um plano para impedir a posse de Lula depois das eleições de 2022.
