EUA orientam americanos a não viajar para a Venezuela

O governo dos Estados Unidos emitiu nesta quinta-feira (21) um alerta máximo a seus cidadãos e residentes, recomendando que não viagem nem permaneçam na Venezuela diante de riscos de “detenção ilegal, tortura durante a detenção, terrorismo, sequestro, práticas policiais injustas, crimes violentos e distúrbios civis”, segundo comunicado oficial da embaixada americana vinculada ao território venezuelano.


As autoridades norte-americanas orientaram que, caso haja conhecimento de algum cidadão americano detido no país sul-americano, a informação seja enviada diretamente ao e-mail oficial da embaixada.

O aviso ocorre em meio a um aumento das hostilidades verbais e medidas entre Caracas e Washington.

O ministro da Defesa do regime chavista, Vladimir Padrino López, declarou nesta quinta-feira, em suas redes sociais, que os Estados Unidos “querem forçar uma mudança de regime na Venezuela, querem destruir a Constituição e fazer uma nova Carta Magna neoliberal que obedeça aos interesses dos impérios”. Segundo ele, a Força Armada Nacional Bolivariana (FANB) defenderá “cada centímetro” do território, espaço aéreo e marítimo do país.

Na quarta-feira (20), Padrino já havia advertido Washington a “não se atrever a colocar uma mão na Venezuela”, enfatizando que um eventual ataque ao território seria “uma agressão contra toda a América Latina”. Ele também acusou os EUA de apontarem, sem provas, que a Venezuela armazenaria drogas em instalações militares, algo que classificou como fruto do “ódio” do secretário de Estado Marco Rubio.


As tensões se intensificaram após Rubio declarar, em 14 de agosto, que a administração de Donald Trump iria “confrontar” cartéis de drogas que representassem ameaça à segurança nacional americana, citando o Cartel de los Soles, apontado por Washington como liderado pelo presidente Nicolás Maduro.

Nesta quinta-feira, o diretor da Administração de Controle de Drogas dos EUA (DEA), Terry Cole, também acusou o regime venezuelano de colaborar com guerrilhas colombianas do Exército de Libertação Nacional (ELN) para transportar “quantidades recordes de cocaína” destinadas a cartéis mexicanos. “A Venezuela se tornou um Estado narcoterrorista que segue colaborando com as FARC e o ELN da Colômbia para enviar cocaína a cartéis mexicanos, que continuam entrando nos Estados Unidos”, afirmou Cole.

A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, declarou na terça-feira (19) que Washington está disposto a “usar todo o seu poder” para conter o fluxo de drogas, inclusive com a possibilidade de enviar navios e tropas ao mar do Caribe, próximo à Venezuela.

Caracas reagiu afirmando que as ameaças americanas demonstram “falta de credibilidade” e colocam em risco a estabilidade regional.

Nesse clima de crescente tensão, a ONU interveio. O secretário-geral António Guterres pediu que ambos os países resolvam suas diferenças de forma pacífica, após o anúncio do envio de três destróieres americanos com mais de 4 mil fuzileiros navais para a costa venezuelana. Segundo a porta-voz-adjunta da ONU, Daniela Gross, Guterres “acompanha de perto” os acontecimentos e apelou para que Washington e Caracas “exerçam contenção”.

O cenário também inclui a elevação, em 8 de agosto, da recompensa oferecida pelos EUA por informações que levem à captura de Nicolás Maduro, agora fixada em US$ 50 milhões. Em resposta, o presidente venezuelano ordenou a mobilização de quatro milhões de milicianos para “defender o país das ameaças americanas”.

No dia 25 de julho, os Estados Unidos designaram formalmente o Cartel de los Soles como organização terrorista, acusando Maduro e altos dirigentes de chefiar a estrutura criminosa e de apoiar grupos como o Tren de Aragua e o cartel de Sinaloa. O Departamento de Estado disse que a medida permitirá utilizar “todos os recursos disponíveis para impedir que Maduro continue se beneficiando da destruição de vidas americanas e desestabilizando o hemisfério”.

A Venezuela rejeitou a acusação. O número dois do chavismo, Diosdado Cabello, afirmou em 7 de agosto que “o Cartel de los Soles é uma invenção”, usada politicamente para incriminar lideranças nacionais.

Após a decisão dos EUA, o Equador também declarou o Cartel de los Soles como grupo terrorista em 15 de agosto. Já o bloco regional ALBA, além de países como China e Irã, manifestaram apoio ao regime venezuelano contra Washington.

A crise entre Estados Unidos e Venezuela segue em escalada, combinando medidas diplomáticas, acusações públicas e presença militar, levantando preocupações sobre repercussões em toda a América Latina e no Caribe.

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