O ex-assessor de Donald Trump, Jason Miller, afirmou nesta segunda-feira que os Estados Unidos “não negociam com terroristas”, em reação a um discurso do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A fala de Moraes antecedeu a leitura de seu relatório sobre a ação que investiga a suposta tentativa de golpe, cujo julgamento começou hoje na Corte.
Durante seu pronunciamento, Moraes disse que “a soberania nacional é um dos fundamentos da República Federativa do Brasil” e que “não pode, não deve e jamais será vilipendiada, negociada ou extorquida”, sem mencionar diretamente Trump ou os Estados Unidos.
Em resposta, Miller compartilhou em sua conta no X (antigo Twitter) uma reportagem que citava o recado de Moraes, acrescentando que seria “sábio para o STF e o ministro Alexandre saber que os EUA não negociam com terroristas”. O post foi replicado pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que mantém interlocução com Miller nos EUA, além de outros integrantes do governo americano.
No mesmo discurso, Moraes afirmou ter sido identificada uma “verdadeira organização criminosa” que teria tentado coagir o STF e submeter a Corte “ao crivo de outro Estado estrangeiro”.
“Lamentavelmente, no curso da ação penal se constatou a existência de condutas dolosas e conscientes de uma verdadeira organização criminosa, e de forma jamais vista anteriormente em nosso país, passou a agir de covarde e traiçoeira, com a finalidade de tentar coagir o Poder Judiciário, em especial esse Supremo Tribunal Federal, e submeter o funcionamento da Corte ao crivo de outro Estado estrangeiro”, disse o ministro.
O episódio ocorre em meio a medidas adotadas pelo governo Trump, que cassou os vistos da maioria dos ministros do STF e incluiu Moraes na Lei Magnitsky, impondo restrições econômicas, como o bloqueio de contas bancárias e bens relacionados ao sistema financeiro americano. Além disso, o ex-presidente norte-americano citou o julgamento de Bolsonaro como um dos motivos para aplicar uma tarifa de 50% em produtos brasileiros.
