O regime da Venezuela confirmou neste domingo (7) a morte do ex-governador do estado de Nueva Esparta, Alfredo Javier Díaz, de 56 anos, que estava preso desde novembro de 2024, acusado de “terrorismo” e “instigação ao ódio”. Díaz governou a região entre 2017 e 2021 e havia se tornado uma das principais vozes opositoras ao terceiro mandato de Nicolás Maduro, considerado controverso e marcado por denúncias de fraude eleitoral nas eleições de julho de 2024.
Segundo o Ministério para o Serviço Penitenciário, Díaz faleceu sábado (6), por volta das 6h33, após apresentar sintomas compatíveis com infarto do miocárdio. Ele foi levado ao Hospital Clínico Universitário, mas não resistiu. O comunicado oficial afirma que Díaz “estava sendo processado com plena garantia de seus direitos, de acordo com o ordenamento jurídico e o respeito aos direitos humanos e sua defesa jurídica”.
A família do ex-governador apresentou outra versão dos fatos. Daliannys Díaz, filha de Alfredo, disse em vídeo publicado no TikTok que o pai possuía problemas de saúde antes da prisão e que as autoridades ignoraram a necessidade de tratamento. Ela relatou que, durante o ano de detenção, o político sofreu desmaios, falta de oxigênio, dores no peito e convulsões.
A morte de Díaz provocou repúdio internacional, com destaque para os Estados Unidos. A Oficina de Assuntos do Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado qualificou a administração de Maduro como “vil” e responsabilizou o regime pela morte do opositor. A crítica também mencionou o El Helicoide, principal centro de detenção do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (Sebin), apontado pela oposição como um local de tortura. O episódio ocorre em meio a operações antinarcóticos de uma flotilha americana no Caribe, interpretadas pelo governo venezuelano como uma ameaça à sua estabilidade política.
A oposição venezuelana afirma que Díaz é o sétimo preso político a morrer sob custódia do Estado desde as eleições presidenciais de julho de 2024. Líderes opositores como María Corina Machado, recentemente laureada com o Prêmio Nobel da Paz, e Edmundo González Urrutia, exilado, denunciaram um “padrão contínuo de repressão estatal”, que inclui negação de atendimento médico, condições desumanas, isolamento, tortura e tratamentos degradantes. Segundo eles, o sistema penitenciário é usado para “perseguir, punir e quebrar aqueles que pensam diferente”.
Díaz havia sido preso poucos dias antes da posse de Maduro, após denunciar falhas elétricas em Nueva Esparta e exigir a publicação detalhada dos resultados eleitorais. Durante a detenção, ele teve apenas uma visita de sua filha, e sua defesa estava comprometida, com advogados públicos substituindo representantes legais escolhidos pela família, segundo o Foro Penal, ONG que acompanha casos de presos políticos.
Alfredo Romero, diretor do Foro Penal, destacou que desde 2014 17 presos políticos morreram sob custódia do Estado, refletindo um padrão sistemático de repressão. Atualmente, a organização contabiliza pelo menos 887 presos políticos na Venezuela. Gonzalo Himiob, vice-presidente do Foro Penal, afirmou que a morte de Díaz “deve ser investigada de forma objetiva e imparcial, seguindo procedimentos internacionais”.