Ex-procuradora de Israel é presa por vazamento de vídeo sigiloso

A polícia de Israel prendeu neste domingo, 2, a ex-procuradora-geral do Exército, Yifat Tomer-Yerushalmi. Ela é acusada de vazar um vídeo confidencial que mostraria supostos abusos contra um prisioneiro palestino. Um canal de TV local divulgou a gravação, feita em julho de 2024 dentro de uma instalação militar, o que levou o Exército a abrir uma investigação interna.


Horas antes da prisão, familiares de Tomer-Yerushalmi comunicaram seu desaparecimento. Policiais e militares encontraram o carro dela em uma praia de Tel Aviv e mobilizaram helicópteros e embarcações nas buscas. As equipes localizaram a ex-oficial com vida na cidade vizinha de Herzliya.

Instituições de Israel sob pressão

A detenção ocorreu dois dias depois de sua renúncia ao cargo, quando ela admitiu ter autorizado o vazamento. Em carta, disse que sua intenção era preservar a credibilidade do departamento jurídico militar, responsável por garantir que as ações das Forças de Defesa estejam em conformidade com o direito internacional; mesmo em meio à guerra contra o Hamas.

O episódio ganhou contornos políticos. O ministro da Defesa, Israel Katz, afirmou que “quem difunde calúnias sobre os soldados de Israel não é digno de vestir o uniforme”. O ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, celebrou a prisão e defendeu o fortalecimento das investigações sobre possíveis vazamentos.

O Exército informou que o vídeo, gravado na base de Sde Teiman, no deserto de Negev, faz parte de uma apuração já em andamento e que todas as suspeitas estão sendo analisadas de forma independente. Cinco reservistas respondem por má conduta e agressão a um detento, mas o comando militar nega a existência de qualquer política sistemática de maus-tratos.


Debate político e segurança nacional

A divulgação das imagens provocou protestos e críticas de grupos políticos. Manifestações chegaram a ocorrer diante de instalações militares, enquanto reservistas denunciaram o que chamaram de “ataque à moral das tropas em plena guerra”.

Autoridades e líderes de oposição condenaram a escalada verbal nas redes sociais, que transformou a ex-procuradora em alvo de campanhas de difamação. O presidente Isaac Herzog pediu calma e lembrou que o país “precisa de coesão e responsabilidade num momento de ameaça existencial”.

Desde os ataques terroristas do Hamas em 7 de outubro de 2023, Israel enfrenta intensa pressão internacional sobre suas operações de segurança. O governo, porém, reforça que o país atua dentro dos parâmetros legais e investiga internamente cada denúncia.

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