O Exército de Israel anunciou, nesta terça-feira (9), que realizou um ataque seletivo contra uma figura “chave” do grupo terrorista Hamas, nos arredores da cidade de Trípoli, no norte do Líbano. Esta foi a primeira ação desse tipo na região em vários meses.
Em comunicado, os militares israelenses informaram que a Força Aérea atacou Mehran Mustafa Bajur, identificado como integrante do Hamas. Segundo o Exército, Bajur foi responsável por “anos de promoção e liderança de diversos ataques terroristas contra civis e soldados israelenses”, além de ter comandado lançamentos de foguetes contra cidades israelenses durante o conflito em curso. O Hamas não comentou o ataque até o momento.
A mídia estatal libanesa relatou que um carro foi atingido próximo a Trípoli. O Ministério da Saúde do Líbano informou que duas pessoas morreram e outras três ficaram feridas, sem divulgar os nomes das vítimas.
O Hamas, junto a outros grupos extremistas palestinos, possui presença em diversas regiões do Líbano, especialmente em campos de refugiados palestinos. Desde o ataque do Hamas contra o sul de Israel em 2023, as Forças de Defesa de Israel têm realizado ofensivas pontuais contra membros do grupo libanês Hezbollah e de facções palestinas dentro do território libanês.
Ainda nesta terça, Israel também afirmou ter matado dois integrantes do Hezbollah em operações no sul do Líbano, sendo um deles comandante da força de elite Radwan. No início de 2024, um ataque aéreo israelense matou o vice-líder do Hamas em um subúrbio ao sul de Beirute. Outras ações atingiram campos palestinos no norte do país.
Apesar de um cessar-fogo mediado pelos Estados Unidos ter encerrado o confronto direto entre Israel e Hezbollah no ano passado, Israel continua atacando alvos que considera depósitos de armas e posições de combatentes no sul do Líbano. O ataque em Trípoli marca a primeira operação seletiva na região desde essa trégua.
Negociações em Doha
Enquanto intensifica as ações militares, Israel também iniciou nesta terça contatos indiretos com o Hamas, em Doha, capital do Catar, na tentativa de estabelecer um novo acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Catar, Majed Al-Ansari, confirmou as conversas e afirmou que as delegações estão trabalhando em “um quadro geral” das negociações. “Ainda não há discussões detalhadas. Estamos tentando reduzir as diferenças e criar um ambiente adequado para o diálogo”, explicou.
Al-Ansari declarou que “ainda é cedo para falar sobre detalhes, mas há uma sensação positiva”. Segundo ele, o objetivo é “chegar a uma fase que permita o fim da guerra”.
O conflito foi reacendido após Israel romper, em 18 de março, um acordo firmado em janeiro e retomar sua ofensiva militar sobre Gaza, em resposta aos ataques do Hamas em 7 de outubro de 2023, que deixaram cerca de 1.200 mortos e 250 pessoas sequestradas, segundo autoridades israelenses.
Desde então, a ofensiva israelense já resultou em aproximadamente 57.600 mortos na Faixa de Gaza, segundo dados divulgados por autoridades locais ligadas ao Hamas.