Exército é ofuscado por sentimentos negativos de milhares de seguidores nas redes sociais

Em meio ao turbilhão de emoções e discussões online, o Exército Brasileiro sob o comando do general Tomás Miguel Miné se destaca como uma força presente e influente nas redes sociais. Entretanto, nos últimos meses a equipe que cuida da comunicação social tem uma tarefa difícil, conseguir de alguma forma suplantar a enxurrada de comentários negativos que acabam ofuscando as realizações dos militares nos quatro cantos do país.

A relevância da força terrestre na internet deve-se em muito à visão de mundo do general Eduardo Villas Boas, que durante a sua gestão de 2015 a 2019 empreendeu diversas ações no sentido de reforçar a imagem da força diante da sociedade. Uma das primeiras ações de Villas boas foi a escolha de 1.500 militares da reserva para servirem como influenciadores sociais divulgando uma imagem positiva a respeito da força terrestre.

” O Centro de Comunicação Social do Exército (CCOMSEx) iniciou o Projeto “Reserva Pró-Ativa!” com o objetivo de estabelecer um canal de contato direto entre o Comandante do Exército e os integrantes da reserva da Força Terrestre… Inicialmente, um grupo teste, em torno de 1500 militares da reserva, foi escolhido para a missão de divulgar o Exército Brasileiro em seus círculos de amizades. Os nomes foram selecionados no banco de dados de e-mail do Departamento-Geral do Pessoal para participar dessa fase inicial.

Quando Villas Bôas deixou o comando do Exército em 2019 a força já possuía no Twitter 430 mil seguidores e de lá pra cá o crescimento foi exponencial, chegando em 2022 a 2 milhões só nessa rede.

Entretanto, atualmente a resposta do público a essa presença digital apresenta um lado surpreendentemente negativo que pode colocar em risco tudo que foi conquistado.




Após um mês de silêncio virtual no início do ano, consequência obvia das críticas severas feitas por militantes de direita que acreditam que falta posicionamento do Exército sobre a posse do novo presidente da República, a instituição militar voltou com força total para o universo online sob o comando do General Thomas Miguel Miné. A estratégia agora é mais comedida e apolítica, focada em apresentar diversas atividades militares e eventos esportivos que ocorrem dentro das Forças Armadas.

No universo das instituições militares brasileiras, o Exército é o líder em termos de presença nas redes sociais. Contando com mais de 2,2 milhões de seguidores no Twitter, plataforma notoriamente politizada, o Exército ultrapassa tanto a Marinha, com seus 931,2 mil seguidores, quanto a Aeronáutica, que tem 1,04 milhão. Outras instituições militares e de segurança, como a Polícia Militar de São Paulo e a do Rio de Janeiro, além do próprio Ministério da Defesa, têm números menores, com 714,3 mil, 327,4 mil e 941,1 mil seguidores respectivamente.

Contudo, o grande número de seguidores do Exército Brasileiro hoje não se traduz necessariamente em admiração, apoio ou simpatia. Segundo uma análise feita por inteligência artificial com foco em análises de sentimento, das últimas cinco postagens no perfil do Twitter do Exército, mais da metade das reações foram negativas. Isso inclui críticas duras à instituição, o uso de palavras ofensivas e a postagem de imagens pejorativas, como melancias, um símbolo frequentemente associado a críticas à instituição.

A Análise de sentimentos é um processo de determinação do tom emocional de um texto ou série de textos, como comentários em resposta a uma postagem.

Para se ter uma ideia mais clara sobre o estado emocional dos seguidores do Exército, que são quem tem acesso em primeira mão às postagens, a análise de sentimentos feita sobre as reações às postagens da força terrestre em seu Twitter com base em uma coleta aleatória em posts de seguidores em resposta às últimas 5 postagens do Exército Brasileiro em seu perfil no Twitter revelou o seguinte panorama:

50% das impressões foram negativas;
21,88% foram positivas; e
28,12% foram neutras.

O Exército continua realizando portagens sobre ações de combate ao crime, patrulhamento nas fronteiras e outras operações militares. Os setores de comunicação social estão – obviamente – se empenhando em divulgar ações relacionadas a atividade fim dos militares.

FONTE: Robson Augusto – Revista Sociedade Militar

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