O governo da Argentina esclareceu nesta segunda-feira que não se opôs à declaração final da Cúpula de Líderes do G20, que está sendo realizada no Rio de Janeiro, apesar de não concordar com os pontos vinculados à Agenda 2030, e pediu que se reconheça que o sistema de cooperação internacional está “em crise”.
O governo argentino “assinou a declaração dos presidentes, desvinculando-se parcialmente de todo o conteúdo vinculado à Agenda 2030”, anunciou um comunicado do Gabinete do Presidente da República Argentina.
A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável é um plano global adotado pelas Nações Unidas em 2015 para promover a prosperidade, proteger o planeta e erradicar a pobreza até o ano de 2030.
“Sem obstaculizar a declaração dos demais líderes”, Milei “deixou claro que, em sua participação no G20, não acompanha vários pontos da documento”, afirma o comunicado.
Entre os pontos que Milei não apoia, ele menciona “a promoção da limitação da liberdade de expressão nas redes sociais”, “o esquema de imposição e violação da soberania das instituições de governança global”, o “tratamento desigual perante a lei” e a “noção de que a intervenção estatal é o caminho para combater a fome”.
– Se quisermos combater a fome e erradicar a pobreza, a solução está em tirar o Estado do caminho – disse o comunicado do Gabinete do presidente argentino.
Milei recomendou a “desregulamentação da atividade econômica” para facilitar o mercado e liberar o comércio, e que a troca de bens e serviços “é o que traz prosperidade”, porque ele acredita que o “capitalismo de livre mercado” é o que já tirou 90% da população da pobreza extrema e dobrou a expectativa de vida.
O comunicado do governo Milei reconhece que os órgãos e fóruns internacionais, como o G20, foram criados com o espírito de proteger os direitos básicos das pessoas.
– Hoje, quase 70 anos após a inauguração desse sistema de cooperação internacional, chegou a hora de reconhecer que esse modelo está em crise, porque há muito tempo está em desacordo com seu propósito original – afirmou.
A Argentina aderiu de última hora à Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, uma iniciativa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que foi lançada nesta segunda-feira na sessão de abertura da cúpula de chefes de Estado e de Governo do G20.
Com a decisão da Argentina, a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza nasce com 148 membros fundadores, incluindo 82 países, União Europeia, União Africana, 24 organizações internacionais, nove instituições financeiras multilaterais, incluindo o Banco Mundial (BM), e 31 organizações filantrópicas, entre elas as fundações Rockefeller e Bill & Melinda Gates.