Glauber Braga escapa da cassação e recebe suspensão de 6 meses

O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) escapou da cassação de seu mandato por uma margem apertada, após um acordo de última hora costurado pelo seu partido e setores do Centrão. Em votação no Plenário da Câmara dos Deputados, o parlamentar teve a pena máxima trocada pela segunda punição mais severa: uma suspensão de seis meses das atividades parlamentares.


Para a suspensão, o placar foi de 318 votos favoráveis e 141 contrários. A manobra só foi possível porque, antes, os deputados votaram para alterar a punição de cassação para suspensão. A troca da pena foi aprovada com 226 votos a favor e 220 contrários.

A salvação de Braga, conhecido por ser considerado “antipático” entre os colegas e por ter pouco apoio na Casa, foi articulada pela líder do PSOL, Talíria Petrone (RJ). Ela argumentou com deputados de partidos não ideológicos do Centrão – citando o União Brasil, PSD e PP – que o pedido de cassação era um exagero.

O sucesso da articulação reside no pragmatismo dos parlamentares. Deputados de direita e do Centrão, que inicialmente apoiariam a cassação, optaram por votar a favor da punição menor, alegando “racionalidade”. Eles calcularam que não seriam alcançados os 257 votos necessários (maioria absoluta) para cassar Glauber. A preferência, portanto, foi garantir a aplicação de uma pena significativa (seis meses de suspensão) do que arriscar a falta de quórum, o que resultaria na absolvição total do deputado.

O acordo foi facilitado pela liberação das bancadas por parte de partidos do Centrão e pela decisão do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), de liberar o voto remoto pelo aplicativo.


Entenda o Caso: Embates Físicos e Ocupação da Mesa Diretora

O pedido de abertura do processo contra Glauber Braga foi motivado por dois episódios polêmicos que marcaram sua atuação recente:

  1. Embates Físicos: O caso central ocorreu em abril deste ano, quando o parlamentar protagonizou embates físicos com o membro do MBL Gabriel Costenaro e, posteriormente, com o deputado Kim Kataguiri (União-SP). A confusão começou com uma discussão verbal que evoluiu para empurrões e chutes de Braga contra Costenaro, na tentativa de retirar à força o militante das dependências da Câmara. O desentendimento seguiu até a Polícia Legislativa, onde Braga se envolveu na discussão com Kataguiri.
  2. Desrespeito ao Regimento Interno: Na terça-feira (9), véspera da votação, Glauber elevou o protesto ao ocupar por cerca de duas horas a Presidência da Mesa Diretora da Câmara. Sentado na cadeira do presidente Hugo Motta, ele conduziu a sessão e, após ser retirado, retornou e anunciou que não sairia mais, desrespeitando o regimento interno. Ele acabou sendo retirado à força da Mesa Diretora por policiais legislativos.

Oposição Dividida e o Efeito Zambelli

O resultado da votação expôs a divisão dentro da oposição. O vice-líder do PL, deputado Bibo Nunes (RS), chegou a orientar a bancada a votar pela suspensão, reconhecendo a falta de votos para a cassação. Essa orientação gerou atrito e ele acabou sendo destituído da vice-liderança pelo líder do partido, Sóstenes Cavalcante (RJ).

A manobra em torno de Glauber Braga também colocou em xeque a votação de outro caso de cassação de alto perfil: o da deputada Carla Zambelli (PL-SC), prevista para hoje (10). O deputado Zé Trovão (PL-SC) argumentou que, ao salvar Glauber, o Centrão estaria ajudando Zambelli por tabela, pois “não há como o Centrão salvar Glauber e não salvar Zambelli”.

Com a suspensão de seis meses, Glauber Braga fica afastado de suas funções, mas preserva seu mandato, que será retomado após o cumprimento da pena.

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