O governador da província de Sonda Ocidental, onde fica o vulcão Rinjani, na Indonésia, gravou um vídeo intitulado Carta aberta aos meus irmãos e irmãs brasileiros, no qual se manifesta sobre a morte da brasileira Juliana Marins. No conteúdo, Lalu Muhamad Iqbal reconhece que faltou estrutura para salvar a jovem e promete rever os procedimentos para futuros resgates.
Esta é a primeira vez que uma autoridade política do país se manifesta sobre o caso.
Na gravação, Iqbal afirma estar “profundamente abalado” pelo fato de a tragédia ter ocorrido em sua terra natal. Ele sustenta que, tão logo que foi informada sobre o acidente, sua equipe “agiu com urgência e dedicação”, arriscando a “própria segurança para cumprir sua missão”.
– O terreno arenoso próximo ao local criou riscos extremos para os dois helicópteros que mobilizamos, pois a entrada de areia nos motores tornava as operações de resgate aéreo inseguras. Reconhecemos que o número de profissionais certificados em resgate vertical ainda é insuficiente e que nossas equipes ainda carecem de equipamentos avançados para esse tipo de missão – admitiu.
Na sequência, Iqbal pondera que a segurança da trilha precisa ser “aprimorada”, visto que a montanha se tornou uma “atração turística internacional”.
– Com essa consciência, estou totalmente comprometido, como governador, a iniciar uma revisão abrangente com todos os envolvidos na região do Rinjani – concluiu.
ENTENDA
Juliana Marins perdeu a vida enquanto fazia um mochilão pela Ásia. Na ocasião do acidente, ela participava de uma trilha até o vulcão Rinjani, na ilha de Lombok, junto de outros turistas e um guia contratado por meio de uma empresa de viagens.
Segundo relatos dos familiares, o guia Ali Musthofa deixou Juliana sozinha após ela se cansar e pedir uma pausa. Ele afirmou ter se afastado para fumar durante cinco a dez minutos, e quando voltou, não encontrou a jovem.
Durante o período em que ficou sozinha, Juliana escorregou na trilha, caindo de um penhasco a uma profundidade de 300 metros. O guia só a localizou duas horas depois, e reportou o caso aos seus superiores.
Desde o último dia 21, a viajante aguardou socorro, escorregando cada vez mais para dentro da cratera, e gerando comoção em todo o Brasil. Na última terça (24), ela foi encontrada pela equipe de resgate já sem vida. O caso despertou uma onda de indignação entre internautas que acreditam que houve negligência e demora no socorro da brasileira.
Agora, a família enfrenta burocracias para repatriar a brasileira, em translado que será feito com apoio da Prefeitura de Niterói. A previsão é de que o corpo da jovem chegue no Brasil na próxima quarta-feira (2).
Os familiares também buscam na Justiça o direito de viabilizar uma nova autópsia no corpo de Juliana. Segundo a autópsia divulgada na última sexta-feira (27) pelas autoridades da Indonésia, a jovem morreu em decorrência de trauma contundente, com danos a órgãos internos e hemorragia.