Governo contratou empresa laranja em obra de prisão de Mossoró

O governo federal contratou uma empresa que estaria em nome de um “laranja” para uma obra de manutenção na penitenciária federal de Mossoró (RN), de onde dois homens fugiram na semana passada. A informação é do jornal O Estado de São Paulo.


A responsável pela manutenção do presídio de Mossoró é a R7 Facilities, sediada em Brasília. A empresa tem um faturamento de R$ 192 milhões, mas seu dono, no papel, é um beneficiário do auxílio emergencial. O contrato foi assinado em abril de 2022 e renovado pelo governo Lula em abril de 2023, já sob a administração de Flávio Dino.

Na Receita, a R7 Facilities está em nome do técnico em contabilidade Gildenilson Torres. O histórico de vida de Gil não bate com a de um empresário com contratos milionários:

– Recebeu o auxílio emergencial.

– Tinha R$ 523,00 reais em suas contas.


– Mora numa pequena casa na periferia do Distrito Federal.

Antes de estar no nome de Gildenilson, a R7 tinha outro homem como “dono”. No papel, o bombeiro civil Wesley Fernandes Camilo era o proprietário da empresa desde janeiro de 2021 e foi ele quem assinou o contrato de 2022. Ele trabalha como brigadista em um hospital particular em Brasília, disse ter renda mensal de R$ 4 mil e deixou de ser “dono” da R7 antes da renovação do contrato.

Wesley Camilo mora em uma casa em Ceilândia, no Distrito Federal. Na casa dele, o Estadão diz ter encontrado um carro Volkswagen Nivus registrado no nome da R7. O veículo é avaliado em R$ 111 mil.

O bombeiro civil disse que comprou empresa sem tirar nada do próprio bolso. Ele negou ser “laranja” e afirmou que a companhia foi repassada a ele por um homem que ele identificou como Ricardo. Segundo Wesley Camilo, ele assumiu a R7 com créditos não recebidos, os quais ele estaria trabalhando para recuperar.

O fundador de R7 se chama Ricardo Caiafa, um empresário de Brasília. Ao Estadão, ele disse que decidiu vender a empresa porque enfrentava dificuldades no mercado e quis sair do ramo.

Anderson Torres e Flávio Dino não atuaram diretamente nas negociações com empresa de “laranja”. Segundo o Estadão, os trâmites foram realizados por funcionários do Ministério da Justiça que fazem parte dos departamentos relacionados à administração de presídios federais.

O Ministério da Justiça disse que vai pedir “apuração rigorosa” sobre o caso. Em nota enviada ao jornal, a pasta disse que a empresa cumpriu todos os requisitos técnicos de contratações, mas que acionou órgãos competentes para investigar a “lisura da empresa citada”.

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