Governo Lula confirma presença na posse de Maduro

O Governo Lula (PT) decidiu manter a presença da embaixadora Glivânia Oliveira na posse de Nicolás Maduro, prevista para esta sexta-feira (10), em Caracas. A decisão ocorre mesmo após o sequestro e posterior soltura de María Corina Machado, líder da oposição venezuelana, conforme confirmado por fontes do Palácio do Planalto à CNN Brasil.

De acordo com interlocutores do governo, a manutenção da embaixadora na cerimônia é uma tentativa de demonstrar distanciamento do regime chavista, sobretudo após a recusa de Maduro em enviar as atas eleitorais requisitadas por Brasília.

A presença da representante diplomática, no entanto, é considerada um reconhecimento de fato do governo de Maduro, mas não de direito, devido às suspeitas de fraude nas eleições de julho.

María Corina Machado foi libertada nesta quinta-feira (09), após ter sido sequestrada, segundo a oposição venezuelana. Juan Pappier, diretor para as Américas da Human Rights Watch, também confirmou sua soltura.

A oposição e grande parte da comunidade internacional não reconhecem os resultados anunciados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela, que declararam a vitória de Maduro com mais de 50% dos votos. A falta de divulgação das atas eleitorais detalhadas alimenta as suspeitas de irregularidades.

Enquanto o chavismo alega que 80% das atas publicadas pela oposição são falsificadas, os aliados de Maduro não apresentaram documentos que comprovem a contagem oficial. Por outro lado, a oposição divulgou atas obtidas por fiscais partidários que indicariam vitória de Edmundo González, ex-diplomata e aliado de María Corina Machado, com quase 70% dos votos.

O Ministério Público venezuelano abriu uma investigação contra González por suposta usurpação de funções do poder eleitoral, em decorrência da divulgação das atas. Após ser intimado três vezes e ter um mandado de prisão emitido contra ele, González asilou-se na Espanha em setembro.

A crise política na Venezuela intensificou-se com o aumento da repressão. Desde o início do processo eleitoral, pelo menos 2.400 opositores foram presos, e 24 morreram, segundo organizações de direitos humanos.


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