De acordo com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, o governo Lula se prepara para apresentar, no dia 18 de agosto, uma resposta oficial à ininvestigação dos Estados Unidos com base na Seção 301 da Lei de Comércio de 1974.
Vieira deu a declaração durante participação na 5ª Reunião Plenária do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, realizada no Palácio Itamaraty, nesta terça-feira, 5.
“Sobre a investida da Seção 301 da Lei de Comércio norte-americana, que questiona o nosso Pix e outras práticas brasileiras absolutamente legítimas, gostaria de informar que o Itamaraty está preparando a resposta a ser apresentada pelo governo brasileiro no próximo dia 18 de agosto”, afirmou o ministro durante o evento.
A postura de Viera contrasta com uma declaração anterior. Ao participar da cerimônia dos 80 anos do Instituto Rio Branco, nesta segunda-feira 4, o ministro rejeitou qualquer negociação com o governo Trump e rechaçou as críticas do presidente norte-americano à perseguição política contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.
“Negociações pragmáticas são a solução mais promissora para o empresariado, para os trabalhadores e para os consumidores do Brasil”, afirmou Vieira, nesta terça.
Vieira aposta em “conselhão” para produzir resposta aos EUA
No mês de julho, o presidente dos EUA, Donald Trump, autorizou uma investigação sobre práticas do governo brasileiro envolvendo comércio digital, pagamentos eletrônicos, tarifas preferenciais, combate à corrupção, proteção da propriedade intelectual e desmatamento ilegal.
De acordo com o Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos, essas ações poderiam prejudicar ou limitar o comércio norte-americano.
Segundo Mauro Vieira “o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável agrega talentos, experiência e articulação” e “representa a independência, a força e o dinamismo do povo brasileiro”.
“Será, não tenho dúvidas, instância estratégica no amplo esforço de defesa da economia nacional e do direito soberano do Brasil de definir o seu próprio destino”, completou.
O Conselhão
O Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável reúne representantes de diversos setores da sociedade, incluindo empresários, artistas, influenciadores digitais, profissionais da saúde, membros de movimentos sociais e sindicais, líderes indígenas, professores, economistas, entre outros. Algumas alterações nos integrantes devem ocorrer a partir de quinta-feira.
Lula criou o colegiado durante seu primeiro mandato (2003–2006), e o ex-presidente Jair Bolsonaro o extinguiu em 2019. O petista recriou o Conselho em 2023 com a proposta de estabelecer um canal direto de diálogo entre o governo federal e a sociedade civil.