O Tesouro dos Estados Unidos anunciou, nesta sexta-feira (24), sanções contra o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, bloqueando bens do político sul-americano e de seus familiares. A justificativa é que o líder político estaria facilitando o comércio internacional de cocaína e fornecendo ajuda ao narcotráfico.
Como resultado, Petro, a primeira-dama Verónica Alcocer, o filho do casal Nicolás Petro e o ministro do Interior, Armando Benedetti, foram sancionados pelo Escritório de Controle de Ativos Financeiros (Ofac) com base na Ordem Executiva 14059, que pune estrangeiros ligados ao tráfico internacional de drogas.
– Desde que o presidente Gustavo Petro chegou ao poder, a produção de cocaína na Colômbia explodiu para o nível mais alto em décadas, inundando os Estados Unidos e envenenando os americanos. [O presidente Donald Trump está] tomando medidas fortes para proteger nossa nação e deixar claro que não toleraremos o tráfico de drogas em nosso país – declarou o secretário do Tesouro, Scott Bessent.
Em publicação no X, Petro comentou a decisão dos EUA, na qual afirmou combater o narcotráfico há décadas.
– De fato, a ameaça de Bernie Moreno foi cumprida; minha esposa, meus filhos e eu entramos na lista do OFAC. Meu advogado de defesa será Dany Kovalik, dos EUA. O combate efetivo ao narcotráfico há décadas me traz esta medida do governo da sociedade que tanto ajudamos a acabar com o uso de cocaína. Um grande paradoxo, mas nem um passo para trás e nunca de joelhos – declarou
Durante discurso sobre a tensão diplomática com os EUA nesta quinta (23), Petro defendeu ser “linguisticamente incorreto” chamar de “traficantes” os operadores de barcos usados no narcotráfico, afirmando que tais indivíduos devem ser descritos como “trabalhadores”.
– Na minha opinião, chamar esses barqueiros de “traficantes de drogas” não é linguisticamente correto. Eles são “trabalhadores do tráfico de drogas”. Assim como há agricultores que acabam sendo abastecidos com insumos por meio de folhas de coca em troca de dinheiro e por causa da pobreza – assinalou.
Ao longo do pronunciamento, o presidente criticou a operação realizada pela Guarda Costeira dos Estados Unidos no Mar do Caribe contra embarcações ligadas ao narcotráfico, afirmando que a ação viola resoluções da Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas.
Petro disse ainda que um dos barqueiros interceptados é um pescador de Santa Marta, membro de uma família tradicional, que “pode ter sido fisgado de forma intermitente, por falta de recursos financeiros para outra tarefa além do transporte de cocaína para os Estados Unidos”.
As falas despertaram indignação por parte da oposição. A senadora María Fernanda Cabal, afirmou que o presidente normaliza o crime organizado, justifica a ilegalidade e dilui a responsabilidade ao chamar de “trabalhadores” aqueles que colaboram com o tráfico de drogas. Para ela, ao fazer declarações como essas, Petro “não tem como se defender das acusações do presidente Trump”.
No último domingo (19), o chefe da Casa Branca anunciou o fim da ajuda com subsídios à Colômbia e chamou Petro de “líder do tráfico de drogas”, prática que, de acordo com ele, se tornou “o maior negócio” do país latino.
– O presidente colombiano Gustavo Petro é um líder do tráfico de drogas que incentiva fortemente a produção em massa de drogas, em campos grandes e pequenos, por toda a Colômbia. Tornou-se, de longe, o maior negócio da Colômbia, e Petro não faz nada para impedi-lo, apesar dos pagamentos e subsídios em larga escala dos EUA, que nada mais são do que um roubo a longo prazo da América – escreveu, na Truth Social.