O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, classificou como “indigna” e “repulsiva” a fraude envolvendo descontos irregulares em benefícios do INSS, revelada recentemente. Em entrevista ao portal UOL nesta segunda-feira (12), o ministro defendeu punições rigorosas para os envolvidos no esquema, que teria afetado aposentados e pensionistas em todo o país.
“O que tem de mais sagrado é a pessoa trabalhar a vida inteira e, depois, conseguir a sua aposentadoria, a sua pensão dignamente. A pessoa focar nesse público para levar vantagem, a partir de um crime, é uma coisa indigna num grau. Realmente enojou um país inteiro”, afirmou Haddad. “Eu desejo, e acredito que isso vai acontecer, que essas pessoas sejam presas e cumpram uma pena que, ao meu juízo, deveria ser exemplar.”
Segundo o ministro, a Advocacia-Geral da União (AGU) e a Controladoria-Geral da União (CGU) já bloquearam valores expressivos das entidades suspeitas. O governo agora tenta identificar o montante total da fraude e quanto desse valor foi descontado sem autorização dos beneficiários do INSS.
“Nós temos que fazer um balanço do que efetivamente não foi autorizado, porque o desconto autorizando está OK. […] Nós temos que saber exatamente o valor da fraude e temos que saber se os valores bloqueados das associações pagam a fraude”, explicou. “Após o bloqueio de um volume considerável de recursos das associações fraudadoras, autoridades ainda trabalham para calcular o tamanho exato do golpe”, reforçou.
Haddad destacou que o caso está agora sob responsabilidade da Polícia Federal, que considera uma instituição de Estado, acima de governos. “A partir do momento em que a Polícia Federal está envolvida, não se trata mais de um governo, é uma instituição de Estado. O Estado brasileiro reprimindo o crime. Então, o método a seguir para chegar nos responsáveis, recuperar o dinheiro e tudo mais não é de competência de um ministro mais. Nem pode ser”, disse.
Questionado sobre a atuação do ex-ministro da Previdência, Carlos Lupi, Haddad evitou críticas e afirmou confiar no trabalho dos órgãos de controle. “Eu não estou aqui querendo julgar porque eu confio muito no trabalho da Controladoria da União, muito. Conheço o ministro Vinicius Carvalho [da CGU] e reconheço nele uma alta capacidade técnica e confio muito na Polícia Federal. A Polícia Federal tem feito um excelente trabalho no Brasil”, declarou.
O ministro também reforçou a autonomia da CGU para conduzir as investigações: “Quando você cria uma Controladoria com autonomia, se amanhã um amigo teu, um parente tá fazendo coisa errada, vai ele junto. E graças a Deus que funciona assim”, concluiu.
Haddad comenta sobre fraude no INSS; confira
