O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quarta-feira (30) que as negociações entre Brasil e Estados Unidos sobre o tarifaço de 50% imposto a produtos brasileiros continuam em andamento, mesmo com a entrada em vigor da medida prevista para esta sexta-feira (1º de agosto).
Em declaração a jornalistas na entrada do Ministério da Fazenda, Haddad disse que o diálogo entre os dois países tem avançado nos últimos dias e destacou que a adoção da tarifa não significa o fim das tratativas diplomáticas.
“O [vice] presidente Alckmin, como eu tenho dito, tem mantido relações, uma comunicação com a sua contraparte [dos Estados Unidos]. E as conversas estão evoluindo. E, na minha opinião, vão continuar evoluindo. Independentemente da decisão que foi tomada dia 1º, ela não vai significar o fim, o término. É o começo de uma conversa”, declarou o ministro.
A tarifa adicional de 50% foi anunciada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, como forma de retaliação ao que classificou como “tratamento injusto” ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A medida afeta sobretudo a exportação de produtos industrializados brasileiros, com impacto estimado em mais de R$ 19 bilhões, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Haddad minimizou a gravidade da situação, classificando o impasse como uma crise “artificial”, supostamente incentivada por brasileiros que vivem nos Estados Unidos.
“Essa semana foi melhor. E se depender do Brasil, essa tensão desaparece, porque ela é artificial. E produzida por pessoas do próprio país, quer dizer, faz sentido alimentar essa tensão. Brasileiros lá alimentaram essa tensão. Essa tensão vai se dissipar. Quando ela se dissipar, a racionalidade vai conduzir os seus trabalhos. E nós vamos chegar a um denominador”, afirmou.
O ministro também disse que tenta agendar uma reunião com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, mas ainda aguarda uma definição de data.
“A assessoria dele pediu um pouco de paciência, já que ele está cumprindo missões na Europa. Mas garantiu que, assim que ele retornar aos Estados Unidos, novas conversas poderão acontecer”, afirmou Haddad.
A elevação da tarifa deve impactar diversos setores da indústria brasileira e ocorre em meio ao aumento das tensões diplomáticas entre os dois países. Ainda assim, o governo brasileiro aposta na continuidade do diálogo para buscar uma solução negociada.
