O grupo Hamas acusou o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de dificultar as negociações de paz na Faixa de Gaza com suas recentes ameaças aos palestinos. Em declaração nesta quinta-feira (6), o porta-voz do grupo, Abdel-Latif Al-Qanoua, afirmou que as palavras de Trump estão incentivando o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, a abandonar o cessar-fogo e intensificar o cerco à população local. A tensão na região aumentou após o fim da primeira fase do acordo de trégua, no último sábado (1º de março), quando Israel impôs um bloqueio total à entrada de bens em Gaza.
De acordo com a Reuters, Al-Qanoua defendeu que “a melhor forma de garantir a libertação dos prisioneiros israelenses que ainda estão em nosso poder é forçar a ocupação a avançar para a segunda etapa e cumprir o acordo firmado com a mediação de terceiros”. Ele criticou as ameaças de Trump, dizendo que “essas ameaças dificultam as negociações do cessar-fogo e incentivam a ocupação a descumprir o que foi acordado”. O cessar-fogo, iniciado em janeiro, foi negociado com a participação de enviados de Trump e da administração de Joe Biden, já em seus momentos finais. A segunda fase do acordo, que prevê a libertação dos reféns restantes, deveria abrir caminho para negociações definitivas para o fim da guerra, mas o processo estagnou.
A situação se agravou após o término da primeira etapa do cessar-fogo, quando Israel passou a exigir a libertação imediata dos reféns pelo Hamas, sem dar início às discussões para encerrar o conflito. O bloqueio total imposto por Israel tem restringido o acesso a bens essenciais em Gaza, enquanto o Hamas insiste que o avanço para a próxima fase do acordo é a única solução viável. As declarações de ambos os lados evidenciam um impasse que ameaça prolongar a crise humanitária e o confronto na região, com os Estados Unidos no centro das controvérsias diplomáticas.
Na quarta-feira (5), O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, emitiu um ultimato ao grupo terrorista Hamas nesta quarta-feira (5), exigindo a libertação imediata de todos os reféns mantidos na Faixa de Gaza. Em uma mensagem publicada na rede social Truth Social, Trump declarou: “Enviarei a Israel tudo o que precisa para terminar o trabalho; nem um único membro do Hamas estará a salvo se não fizer o que eu digo. Acabo de me reunir com ex-reféns, cujas vidas foram destruídas. Esta é uma última advertência.”
A advertência de Trump intensifica a pressão sobre o Hamas, a quem ele acusou de práticas desumanas. “Liberar todos os reféns agora, não depois, e devolver todos os corpos das pessoas que assassinaram, ou tudo estará acabado para vocês. Só pessoas doentes e pervertidas guardam corpos”, afirmou o presidente, dando ao grupo a opção de agir ou enfrentar consequências drásticas. Ele ainda sugeriu que os líderes do Hamas “abandonem Gaza enquanto podem” e apelou à população local: “Para o povo de Gaza: um futuro brilhante os espera, mas não se vocês mantiverem os reféns. Se o fizerem, estão mortos. Tomem uma decisão inteligente.”
A declaração ocorre em meio a uma polêmica sobre a reconstrução da Faixa de Gaza. Na terça-feira, a Liga Árabe apresentou um plano para o território, que foi rejeitado pela Casa Branca. Trump, por sua vez, defende uma proposta controversa que prevê o deslocamento forçado de moradores e até a possibilidade de controle americano sobre a região.
Enquanto Trump endurece o tom, a Casa Branca confirmou que o enviado presidencial para o Oriente Médio, Steve Witkoff, mantém conversas diretas com o Hamas. A porta-voz Karoline Leavitt justificou a iniciativa como um “esforço de boa-fé” para beneficiar os americanos. “O diálogo com pessoas de todo o mundo para fazer o que for melhor para o povo americano é algo em que o presidente acredita”, disse ela em coletiva de imprensa.
Israel, que já foi informado sobre essas negociações, expressou sua posição ao governo americano, mas detalhes não foram divulgados. Já o Hamas, por meio de um assessor citado pelo jornal Filastin, celebrou a “mudança no discurso político americano” e pediu “medidas sérias” para avançar em um acordo.
O conflito, que teve início em 7 de outubro de 2023 com um ataque do Hamas que matou cerca de 1.200 pessoas e fez 240 reféns, já deixou mais de 48.400 mortos em Gaza devido à resposta militar israelense. A escalada de tensões e as movimentações diplomáticas sugerem que a região está em um momento crítico, com Trump buscando impor sua influência na resolução da crise.
Hamas acusa Trump de complicar negociações de Paz em Gaza
