Hamas recusa proposta de trégua e libertação de reféns apresentada por Israel

O Hamas rejeitou publicamente uma proposta de trégua temporária apresentada por Israel. A organização terrorista deixou claro que não aceitará nenhum acordo que não contemple o fim da guerra e a retirada total das forças israelenses da Faixa de Gaza. Essa rejeição ocorre em um contexto de tensões crescentes após o ataque do Hamas em outubro de 2023, que marcou o início da atual escalada bélica.

A proposta israelense incluía “um cessar-fogo de 45 dias, a libertação de 10 reféns vivos em mãos do Hamas e a entrada de ajuda humanitária a Gaza”. Além disso, Israel propôs a libertação de 1.231 prisioneiros palestinos detidos em cárceres israelenses. No entanto, um dos pontos mais controversos foi a exigência de que o Hamas se desarmasse como condição para pôr fim ao conflito, uma demanda que a organização rejeitou categoricamente.

Em um discurso televisionado, Khalil al-Hayya, líder do Hamas em Gaza e principal negociador do grupo, afirmou que não participarão do que classificou como “a política de acordos parciais” do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu. Al-Hayya também acusou Israel de ter abandonado um acordo de cessar-fogo assinado em janeiro e de impor condições que descreveu como “impossíveis”.

O líder do Hamas assegurou que a organização está disposta a negociar uma troca total de reféns israelenses por prisioneiros palestinos, sempre e quando isso faça parte de um acordo que ponha fim à guerra. Segundo al-Hayya, os mediadores internacionais devem se dirigir ao Hamas para resolver a crise, a qual, segundo ele, foi provocada por Israel.

Por sua vez, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu tem mantido uma postura firme, negando-se a pôr fim ao conflito até que as capacidades militares e de governo do Hamas sejam completamente desmanteladas. Essa posição conta com o respaldo de vários membros de sua coalizão de governo, que ameaçaram desestabilizar sua administração se um cessar-fogo for acordado sem alcançar uma vitória total.

O ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, reiterou essa postura ao declarar que Israel não cederá ao Hamas nem deterá a guerra sem alcançar uma “vitória completa” e garantir o retorno de todos os reféns. Smotrich enfatizou que é momento de intensificar as operações militares em Gaza para lograr a ocupação total do território, eliminar o Hamas e avançar na implementação de um plano proposto pelo presidente americano Donald Trump para a realocação dos habitantes de Gaza em outro país.

Na mesma linha, o ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir, insistiu em aumentar a pressão militar sobre o Hamas até que o grupo se renda. Ben Gvir rejeitou qualquer tipo de acordo ou trégua, afirmando que a guerra deve continuar até que o Hamas seja completamente derrotado.

O conflito atual se desencadeou em 7 de outubro de 2023, quando milhares de combatentes liderados pelo Hamas cruzaram de Gaza para o sul de Israel, perpetrando ataques que deixaram um saldo de aproximadamente 1.200 mortos e 251 pessoas sequestradas. Segundo dados proporcionados pelas Forças de Defesa de Israel (IDF), 59 reféns permanecem em mãos de grupos terroristas em Gaza. Destes, 24 se acredita que estão vivos, enquanto 35 foram confirmados como falecidos, incluindo o corpo de um soldado israelense morto em 2014.

Da perspectiva dos Estados Unidos, a negativa do Hamas em aceitar a trégua proposta por Israel reforça a percepção de que o grupo não busca a paz, mas perpetuar a violência. O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, James Hewitt, afirmou que as condições estabelecidas pela administração Trump seguem vigentes: a libertação dos reféns ou enfrentar as consequências.

O acordo de cessar-fogo assinado em janeiro entre Israel e Hamas, que inicialmente parecia oferecer uma saída ao conflito, colapsou após a primeira fase. Enquanto o Hamas buscava avançar para a segunda etapa do acordo, que contemplava um cessar permanente das hostilidades, Israel tentou renegociar os termos para libertar mais reféns sem se comprometer com um fim definitivo da guerra. A negativa do Hamas em aceitar essas mudanças levou à retomada das operações militares israelenses em 18 de março.

Apesar da postura dura do governo, pesquisas recentes indicam que a maioria dos israelenses estaria disposta a apoiar o fim do conflito se isso garantir a libertação de todos os reféns. Essa discrepância entre a opinião pública e as decisões governamentais reflete as tensões internas em Israel, onde o desejo de segurança e estabilidade se choca com as estratégias políticas e militares adotadas pela administração de Netanyahu.

A rejeição do Hamas à proposta de trégua e as declarações de seus líderes sublinham a complexidade de um conflito que parece longe de se resolver. Enquanto isso, as vidas dos reféns e as condições dos habitantes de Gaza seguem sendo um recordatório das devastadoras consequências desta guerra.


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