Hugo Motta veda reuniões de comissões na Câmara e oposição reage

A decisão do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), de suspender as reuniões das comissões entre esta terça-feira (22) e 1º de agosto de 2025 gerou forte reação entre parlamentares da oposição. O ato foi publicado no Diário da Câmara e motivou uma entrevista coletiva de deputados da Comissão de Segurança Pública, que criticaram o que consideram uma tentativa de silenciar manifestações em apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).


A medida de Motta veio após o agendamento de duas reuniões de comissões presididas por parlamentares do PL, mesmo durante o chamado “recesso branco” do Congresso. Estavam previstas sessões da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado, presidida por Paulo Bilynskyj (PL-SP), e da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, presidida por Filipe Barros (PL-PR).

Na pauta das comissões, estavam moções de solidariedade, apoio e louvor a Bolsonaro. Os textos mencionavam uma “alegada perseguição política” contra o ex-presidente, que, na última sexta-feira (18), foi alvo de nova operação da Polícia Federal. Por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, Bolsonaro passou a usar tornozeleira eletrônica e está proibido de manter contato com diversas pessoas, inclusive o filho Eduardo Bolsonaro (PL-SP).

Durante a reunião da Comissão de Segurança Pública, Bilynskyj apresentou um certificado simbólico assinado por ele com os dizeres:

“A Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara dos Deputados, em atendimento ao Requerimento n° 234/2025, confere ao 38° Presidente do Brasil, Sr. Jair Messias Bolsonaro, esta Moção de Apoio em razão de alegada perseguição política e de seus impactos na ordem e segurança públicas nacionais.”

A oposição vê a decisão de Hugo Motta como uma tentativa de impedir manifestações públicas em defesa de Bolsonaro. “Recesso branco, então reuniões podem ser convocadas. Mobilizamos os deputados pra que estivessem aqui ontem e hoje; 55 deputados vieram a Brasília ontem pra participar das reuniões. Hoje, após o quórum, Motta cancelou. Mas a oposição não vai se calar. A decisão de Motta nos impede de manifestar a palavra”, declarou um parlamentar.


Em resposta à operação da PF e ao novo cenário jurídico de Bolsonaro, o PL anunciou a criação de três comissões internas para coordenar ações em defesa do ex-presidente. A primeira será dedicada à comunicação dos parlamentares, sob liderança de Gustavo Gayer (PL-GO). A segunda, à articulação interna no Congresso, liderada por Cabo Gilberto (PL-PB). Já a terceira ficará responsável por mobilizações externas, sob comando de Rodolfo Nogueira (PL-MS) e Zé Trovão (PL-SC).

Após a tentativa frustrada de realizar a reunião nesta terça-feira, os deputados retornaram à Comissão de Segurança Pública para dar declarações à imprensa e reforçar que continuarão articulando apoio ao ex-presidente, mesmo durante o recesso parlamentar.

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