Investigação apura pressão política no negócio BRB-Master

A investigação sobre a compra do Banco Master pelo BRB entrou em nova etapa nesta terça-feira, 18, com mandados de busca e apreensão que miram dirigentes do banco estatal e interlocutores ligados ao grupo de Daniel Vorcaro. A apuração, segundo o jornal Folha de S.Paulo, passa a concentrar-se na possibilidade de que políticos tenham atuado para influenciar a decisão do BRB de assumir o controle da instituição.


Investigadores analisam operações que movimentaram cerca de R$ 12,2 bilhões, montante formado por carteiras consignadas classificadas como irregulares e valores adicionados como prêmio. Desse total, R$ 6,7 bilhões seriam contratos sem lastro. Os repasses começaram no início do ano e seguiram até maio, antes de o Banco Central vetar a compra do Master, em setembro.

Entre as frentes analisadas, o jornal revela que figuras com influência em Brasília teriam atuado para facilitar a negociação. O grupo de relações de Daniel Vorcaro incluía o senador Ciro Nogueira (PP-PI) e o presidente do União Brasil, Antonio Rueda. Os investigadores querem identificar se essas conexões ampliaram a pressão sobre o BRB durante a avaliação da compra do Master.

Foco na direção do BRB e no papel de Vorcaro

O inquérito considera improvável que a presidência do BRB desconhecesse fragilidades nos documentos apresentados pelo Master. As operações avançaram mesmo com alertas internos. A linha de investigação sugere que a aquisição poderia ter funcionado como uma forma de evitar que o Master enfrentasse liquidação, etapa que colocaria seus demonstrativos sob revisão minuciosa.

Paulo Henrique Costa, afastado da presidência do BRB por decisão judicial, afirmou em nota que sempre atuou com transparência. Ele disse que o próprio banco identificou inconsistências, comunicou o Banco Central e substituiu parte das carteiras.


O Banco Central decretou a liquidação do Master nesta terça-feira, 19, ao citar crise de liquidez, situação financeira comprometida e violações graves às normas do sistema financeiro. O governo do Distrito Federal confirmou a demissão de Costa e anunciou Celso Eloi, da Caixa Econômica Federal, para a presidência do BRB. O BRB também afastou o diretor financeiro por 60 dias.

Daniel Vorcaro, que comandava o Master, foi preso preventivamente na noite de segunda-feira 17 quando se preparava para viajar ao exterior. A Justiça Federal manteve a detenção nesta terça, 18. As autoridades também prenderam Augusto Lima, sócio do banqueiro.

A investigação também observa a rede de relacionamentos construída por Vorcaro. Segundo a Folha de S.Paulo, o empresário organizou eventos, ampliou sua influência e se aproximou de lideranças políticas, além de contratar consultores como Henrique Meirelles e Guido Mantega.

O BRB afirmou que sempre seguiu regras de governança e informou ter mantido Ministério Público Federal e Banco Central atualizados sobre seus negócios. O governo do Distrito Federal disse que adotará medidas adicionais de controle e reiterou compromisso com transparência.

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