Israel mata chefe do governo do Hamas em bombardeios na Faixa de Gaza

Os bombardeios israelenses mataram o chefe do governo do Hamas na Faixa de Gaza, Esam al Dalis, anunciou nesta terça-feira (18) o movimento islamista palestino Hamas em um comunicado.

Nos ataques, morreram também outros três “dirigentes do governo” de Gaza, entre eles o ministro do Interior, Mahmud Abu Watfa, e o diretor-geral dos serviços de segurança interna, Bahjat Abu Sultan, segundo o “comunicado de condolências” divulgado pelo Hamas.

Al Dalis era membro da mesa política do Hamas e fazia parte da liderança do movimento islamista na Faixa de Gaza desde 2021.

O general de divisão Abu Watfa estava à frente do Ministério do Interior do governo do Hamas em Gaza e foi visto no enclave em janeiro, após a assinatura do acordo de trégua, acompanhando o reforço da polícia nas ruas.

Sua morte nos ataques israelenses da noite foi anunciada à AFP algumas horas depois por duas fontes do Hamas em Gaza.

Nesta terça-feira, ocorreram bombardeios por parte de Israel sobre Gaza, iniciados de madrugada e rompendo o alto-fogo, confirmou à EFE o diretor da unidade do Ministério da Saúde da Faixa de Gaza responsável pela contagem, Zaher al Waheidi.

Em comunicado posterior, o Ministério da Saúde de Gaza, ligado ao governo do Hamas, acrescentou que os ataques já deixaram 562 feridos até o momento.

Esses números incluem apenas os mortos e outras vítimas que chegaram aos hospitais, excluindo as dezenas de afetados que ainda estão entre os escombros ou aos quais as ambulâncias não conseguiram acessar.

O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu ordenou os ataques após o Hamas rejeitar as exigências israelenses de modificar o acordo de alto-fogo. As autoridades afirmaram que a operação era indefinida e se esperava que se expandisse. A Casa Branca afirmou ter sido consultada e expressou seu apoio às ações de Israel.

O exército israelense ordenou à população que evacuasse o leste de Gaza, incluindo grande parte da cidade do norte de Beit Hanoun e outras comunidades mais ao sul, e se dirigisse ao centro do território, o que indica que Israel pode lançar em breve novas operações terrestres.

“Israel, a partir de agora, agirá contra o Hamas com maior força militar”, declarou o escritório de Netanyahu.

O ataque, ocorrido durante o mês sagrado muçulmano do Ramadã, poderia reiniciar uma guerra que já matou dezenas de milhares de palestinos e causado uma destruição generalizada em Gaza. Também levantou questões sobre o destino das cerca de duas dezenas de reféns israelenses mantidos pelo Hamas, que se acredita ainda estarem vivos.

Um alto cargo do Hamas afirmou que a decisão de Netanyahu de retomar a guerra equivale a uma “sentença de morte” para os reféns restantes. Izzat al-Risheq acusou Netanyahu de lançar os ataques para tentar salvar sua coalizão governante de extrema direita e pediu aos mediadores que “revelassem os fatos” sobre quem quebrou a trégua. O Hamas afirmou que ao menos quatro altos funcionários morreram nos ataques desta terça-feira.

Não houve relatos de ataques por parte do Hamas várias horas após o bombardeio, o que indica que o grupo ainda esperava restabelecer a trégua.

Os ataques ocorreram em um momento em que Netanyahu está sob crescente pressão interna, com protestos massivos previstos contra sua gestão da crise dos reféns e sua decisão de destituir o diretor da agência de segurança interna de Israel. Seu último depoimento em um prolongado julgamento por corrupção foi cancelado após os ataques.

O principal grupo que representa as famílias dos reféns acusou o governo de romper o alto-fogo, afirmando que “optou por renunciar aos reféns”.

“Estamos chocados, com raiva e aterrorizados com o desmantelamento deliberado do processo para devolver nossos entes queridos do terrível cativeiro do Hamas”, disse o Fórum de Reféns e Famílias Desaparecidas em um comunicado.


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