Israel começou nesta terça-feira (2) a mobilizar dezenas de milhares de reservistas como parte de seu plano de expansão da ofensiva sobre a Cidade de Gaza, movimento que tem gerado oposição interna e condenação internacional.
A convocação, anunciada no mês passado, ocorre em meio ao avanço das forças terrestres e aéreas sobre alvos no norte e no centro de Gaza, com ataques às áreas de Zeitoun e Shijaiyah — dois bairros do oeste da Cidade de Gaza onde o exército israelense já realizou diversas operações durante os 23 meses de guerra contra os militantes do Hamas.
Zeitoun, que já foi o maior bairro da Cidade de Gaza, com mercados, escolas e clínicas, foi transformado no último mês. Hoje, ruas estão vazias e prédios viraram escombros, em uma área que o Exército de Israel classificou recentemente como “zona de combate perigosa”.
A Cidade de Gaza é considerada o principal bastião político e militar do Hamas e, segundo Israel, ainda abriga uma vasta rede de túneis, apesar das múltiplas incursões desde o início da guerra. Também é um dos últimos refúgios no norte da Faixa, onde centenas de milhares de civis tentam sobreviver sob a dupla ameaça dos combates e da fome.
Segundo o Exército israelense, a convocação dos reservistas será gradual e deve incluir 60 mil pessoas, além da extensão do serviço de outros 20 mil já em atividade.
A crise humanitária segue em agravamento. Desde que o principal órgão internacional de monitoramento de crises alimentares declarou, no mês passado, que a Cidade de Gaza enfrenta uma situação de fome, o número de mortes relacionadas à desnutrição aumentou. O Ministério da Saúde de Gaza — controlado pelo Hamas — afirmou que 185 pessoas morreram de desnutrição apenas em agosto, o maior número em meses.
De acordo com o mesmo ministério, 63.557 palestinos já morreram na guerra e outros 160.660 ficaram feridos. Embora os dados não diferenciem civis de combatentes, as autoridades afirmam que mulheres e crianças representam cerca da metade das vítimas fatais.
Apesar de o ministério estar vinculado ao governo do Hamas, ele é formado por profissionais de saúde, e as agências da ONU, assim como especialistas independentes, consideram suas estatísticas as mais confiáveis sobre as baixas da guerra. Israel contesta os números, mas não apresenta estimativas próprias.
O conflito começou em 7 de outubro de 2023, quando militantes liderados pelo Hamas atacaram o sul de Israel, matando 1.200 pessoas — a maioria civis — e sequestrando 251. Segundo Israel, 48 reféns ainda permanecem em Gaza, sendo que cerca de 20 estariam vivos. Os demais foram libertados em cessar-fogos ou por meio de acordos.