O governo do Japão recomendou que seus cidadãos na China evitem multidões e redobrem a atenção à segurança. A orientação foi emitida depois de a primeira-ministra Sanae Takaichi afirmar, no Parlamento, que um ataque da China contra Taiwan poderia justificar o envio de tropas japonesas para apoiar a ilha, reivindicada por Pequim.
A Embaixada em Pequim orientou os japoneses a prestarem atenção ao entorno, evitarem locais com grande concentração de pessoas e serem cautelosos com palavras e atitudes ao interagir com chineses.
Para o porta-voz do governo, Minoru Kihara, a medida considera a situação política e de segurança. Na semana anterior, Pequim já havia pedido que seus cidadãos evitassem viajar ao Japão.
Reações da China à declaração da primeira-ministra do Japão
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, acusou Tóquio de “violar o direito internacional” e afirmou que as falas de Takaichi “prejudicam a base política das relações bilaterais”.
Diplomatas Masaaki Kanai e Liu Jinsong discutiram o tema em Pequim. A crise ganhou novo patamar após o cônsul chinês em Osaka, Xue Jian, publicar e apagar mensagem ameaçando “cortar esse pescoço sujo”, levando Tóquio a convocá-lo.
A disputa repercutiu no setor cultural. A imprensa estatal chinesa informou o adiamento das estreias de Crayon Shin-chan the Movie: Super Hot! The Spicy Kasukabe Dancers e Cells at Work! alegando impacto negativo da crise na percepção do público chinês sobre o cinema japonês.
Reações do mercado financeiro
O mercado financeiro reagiu. O índice Nikkei 225 caiu mais de 3% nesta terça-feira, e ações de turismo e varejo já haviam recuado depois do alerta chinês para evitar viagens ao Japão, um dos destinos favoritos dos chineses. Segundo o analista Li Hanming, 500 mil passagens aéreas foram canceladas desde 15 de novembro.
As duas maiores economias da Ásia mantêm forte interligação. A China foi a principal origem de turistas no Japão nos primeiros nove meses de 2025, com quase 7,5 milhões de visitantes.
