O ex-presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), manifestou forte indignação nesta sexta-feira (12) após a Polícia Federal deflagrar uma operação que teve como alvo sua ex-assessora Mariângela Fialek, conhecida como Tuca, figura central na gestão das emendas parlamentares durante sua presidência na Casa.
A ação, autorizada pelo ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), cumpriu mandados de busca e apreensão dentro da Câmara dos Deputados. A investigação mira supostas irregularidades na distribuição de verbas públicas por meio de emendas parlamentares, mecanismo que movimenta cerca de R$ 50 bilhões por ano.
“Acho errado falar em desvio antes de investigar”, diz Lira
Lira reagiu imediatamente ao saber da operação e criticou o modo como a ex-assessora passou a ser tratada publicamente. Em entrevista ao portal Metrópoles, o deputado classificou Tuca como uma funcionária de perfil técnico, respeitada por diferentes correntes políticas.
“Tuca é uma funcionária ligada à Presidência da Câmara. Acho errado falar que é uma busca por desvio de emendas antes de investigar”, afirmou.
Segundo o ex-presidente da Câmara, a operação não deveria induzir conclusões precipitadas sobre o trabalho da ex-assessora, que — segundo ele — atuava seguindo orientações consensuais entre líderes partidários.
Ele acrescentou que a estrutura que lida com as emendas dentro da Casa não é exclusiva da sua gestão:
“Tudo o que tem lá, tem na SRI [Secretaria de Relações Institucionais]. Agora é esperar para ver.”
Lira tenta afastar associação direta: “Não é minha funcionária”
O parlamentar também contestou a narrativa de que Tuca integrava seu gabinete pessoal:
“É um erro dizer que ela é funcionária do meu gabinete.”
Lira reforçou que Mariângela Fialek sempre atuou como técnica da Câmara, a serviço de diversos partidos, e não como assessora exclusiva sua.
“Ela é uma técnica espetacular de orçamento. Não tem nada na vida dela que desabone. Trabalha para todos os partidos, da direita à esquerda, do PT ao PSOL.”
Ex-assessora é figura-chave no gerenciamento de emendas
Durante a gestão de Lira na presidência da Câmara (2021–2025), Tuca ganhou projeção interna por administrar a planilha do chamado ‘orçamento secreto’, mecanismo que se tornou alvo de questionamentos públicos e judiciais.
Atualmente, ela está lotada na Liderança do Progressistas na Câmara, e segue exercendo papel de destaque no acompanhamento das emendas, agora sob gestão de Hugo Motta (Republicanos-PB), presidente da Casa com apoio direto de Lira.
Operação ocorre em meio a novas suspeitas
O caso que motivou a operação desta sexta-feira envolve a distribuição de emendas por meio das comissões da Câmara. Em 2024, o ministro Flávio Dino já havia mandado suspender R$ 4,2 bilhões em repasses após indícios de que o rito legal não estava sendo cumprido.
As suspeitas foram reforçadas por depoimentos de deputados José Rocha (União Brasil-BA) e Glauber Braga (PSOL-RJ) — o primeiro, após conflitos públicos com o centrão; o segundo, crítico histórico do modelo de distribuição de verbas.
Assessoria de Lira nega qualquer vínculo com investigação
A assessoria do ex-presidente da Câmara afirmou que Arthur Lira “não é alvo de nada” e que as investigações não o envolvem diretamente.
“O posicionamento é de que Lira não é investigado.”
Influência permanece alta
Apesar de não ocupar mais a presidência da Câmara, Lira mantém forte influência política e foi peça-chave na articulação que levou Hugo Motta ao comando da Casa. A ofensiva da PF, porém, reacende pressões sobre seu legado na gestão das emendas parlamentares — tema que permanece no centro das disputas internas e jurídicas em Brasília.