O Ministério das Relações Exteriores do Brasil se manifestou nesta sexta-feira (1º) em resposta ao que classificou como um “tom ofensivo” nas declarações do presidente venezuelano Nicolás Maduro. Em um comunicado oficial, o governo brasileiro condenou os ataques pessoais direcionados ao presidente Lula, a diplomatas e assessores do Palácio do Planalto, considerados inaceitáveis e desrespeitosos.
“A opção por ataques pessoais e escaladas retóricas, em substituição aos canais políticos e diplomáticos, não corresponde à forma respeitosa com que o governo brasileiro trata a Venezuela e seu povo”, afirmou o Itamaraty, ressaltando a necessidade de um posicionamento claro diante das agressões verbais.
A tensão entre os dois países aumentou após a divulgação, pela Polícia Nacional Bolivariana da Venezuela, de uma montagem nas redes sociais que trazia o rosto de Lula de forma distorcida, acompanhada da mensagem: “nossa pátria [Venezuela] é independente, livre e soberana. Não aceitamos chantagem de ninguém, não somos colônia de ninguém. Estamos destinados a vencer”. A publicação também continha a advertência: “quem mexe com a Venezuela se dá mal”.
Os desentendimentos entre Brasil e Venezuela começaram após as eleições de julho, nas quais Maduro foi declarado vencedor, mesmo sem provas concretas de sua legitimidade, levando o Brasil a não reconhecer os resultados. Recentemente, a situação se agravou quando o Brasil vetou a entrada da Venezuela no bloco BRICS — formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, além de outros países convidados. Essa decisão, que Maduro almejava há muito tempo, foi motivo de críticas por parte do regime chavista.
Em resposta ao veto, o governo venezuelano convocou o encarregado de negócios do Brasil em Caracas e chamou o embaixador venezuelano em Brasília, Manuel Vadell, para consultas. A chancelaria venezuelana divulgou uma nota expressando “repúdio” às declarações do governo brasileiro, particularmente em relação aos comentários feitos pelo Assessor Especial para Relações Exteriores, Celso Amorim, que foi rotulado como “mensageiro do imperialismo norte-americano”.
Eis a íntegra da nota do Itamaraty
“O governo brasileiro constata com surpresa o tom ofensivo adotado por manifestações de autoridades venezuelanas em relação ao Brasil e aos seus símbolos nacionais.
A opção por ataques pessoais e escaladas retóricas, em substituição aos canais políticos e diplomáticos, não corresponde à forma respeitosa com que o governo brasileiro trata a Venezuela e o seu povo.
O Brasil sempre teve muito apreço ao princípio da não-intervenção e respeita plenamente a soberania de cada país e em especial a de seus vizinhos.
O interesse do governo brasileiro sobre o processo eleitoral venezuelano decorre, entre outros fatores, da condição de testemunha dos Acordos de Barbados, para o qual foi convidado, assim como para o acompanhamento do pleito de 28 de julho.
O governo brasileiro segue convicto de que parcerias devem ser baseadas no diálogo franco, no respeito às diferenças e no entendimento mútuo.”
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