O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou na tarde desta terça-feira (4) que o governo federal tem a intenção de investigar a Operação Contenção, a megaoperação policial que resultou em 121 mortes nos complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro. Segundo o presidente, a ação extrapolou o propósito determinado pelos mandados judiciais e configurou uma “matança”.
Em entrevista concedida às agências Associated Press e Reuters, durante viagem a Belém (PA), Lula questionou as circunstâncias das mortes e a versão apresentada pelas autoridades estaduais.
“Vamos ver se a gente consegue fazer essa investigação. Porque a decisão do juiz era uma ordem de prisão, não tinha uma ordem de matança, e houve matança,” disse o presidente.
O petista afirmou que é crucial verificar as condições em que a operação ocorreu:
“Eu acho que é importante a gente verificar em que condições ela [a operação] se deu, porque até agora nós temos uma versão contada pela policia, contada pelo governo do estado e tem gente que quer saber se tudo aquilo aconteceu do jeito que eles falam ou se teve alguma coisa mais delicada na operação.”
A manifestação de Lula se choca diretamente com o posicionamento do governador do Rio de Janeiro, Claudio Castro (PL), que tem classificado a operação como um “sucesso” e, em ofício ao Supremo Tribunal Federal (STF), defendeu que a força empregada foi proporcional.
Lula, no entanto, criticou o balanço final da ação.
“O dado concreto é que a operação, do ponto de vista da quantidade de mortes, as pessoas podem considerar um sucesso, mas do ponto de vista da ação do Estado, eu acho que ela foi desastrosa,” declarou o presidente.
O presidente informou, ainda na entrevista, que legistas da Polícia Federal devem investigar de maneira independente as circunstâncias em que as mortes ocorreram.
População do Rio Aprova a Operação
Apesar da crítica do presidente, uma pesquisa Genial/Quaest divulgada no último sábado (1º) apontou que 64% da população do estado do Rio de Janeiro aprova a megaoperação policial realizada contra a facção criminosa Comando Vermelho. Em contrapartida, 27% da população desaprova a ação.
O levantamento também indicou que 6% dos entrevistados nem aprovam, nem desaprovam; e 3% não souberam ou não quiseram responder.